O dólar fechou nesta quarta-feira, 12, perto da estabilidade ante o real, na faixa dos R$ 5,80, com parte dos investidores aproveitando cotações mais elevadas para vender moeda, em um dia marcado pelos dados de inflação norte-americanos e pela guerra comercial desencadeada pelos EUA.

A moeda norte-americana à vista fechou em leve baixa de 0,05%, aos R$ 5,8086. Em março, a divisa acumula queda de 1,82%. Veja cotações.

Às 17h07 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,10%, aos R$ 5,8270.

O Ibovespa fechou com uma alta modesta nesta quarta-feira, com agentes contrabalançando números de inflação nos Estados Unidos e no Brasil com receios persistentes sobre a política comercial norte-americana, enquanto Azzas 2154 desabou após o grupo de moda mostrar queda em margens no final de 2024.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,29%, a 123.863,5 pontos, tendo marcado 122.969,29 pontos na mínima e 124.048,45 pontos na máxima do dia.

O volume financeiro somou R$ 36 bilhões, em sessão também marcada pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa na bolsa paulista.

O dólar no dia

No início do dia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA — o índice oficial de inflação no Brasil — subiu 1,31% em fevereiro, depois de avançar 0,16% em janeiro. O resultado ficou praticamente em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters, de alta de 1,30%.

Mais do que aos dados do IPCA, o mercado de câmbio brasileiro reagiu aos números do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, que avançou 0,2% em fevereiro, desacelerando ante a alta de 0,5% em janeiro. Economistas esperavam por uma taxa de 0,3%.

Apesar do resultado favorável do CPI, alguns componentes subjacentes dos dados que alimentam o índice PCE — a medida de inflação preferida do Federal Reserve — ficaram acima do esperado.

Com os números nas telas, o dólar apresentou duas reações. Em um primeiro momento ele recuou no exterior — e também no Brasil — em meio à leitura de que o CPI cheio abaixo do esperado fortalece a perspectiva de corte de juros pelo Federal Reserve.

Em um segundo momento, as preocupações com o PCE fizeram o dólar retomar força ao redor do mundo. No Brasil, às 10h04, o dólar à vista marcou a cotação máxima de R$5,8485 (+0,64%).

“Nestes níveis, sempre tem fluxo de exportador, vendendo bem dólares não só no pronto (mercado à vista) quanto no futuro”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik, sobre o retorno das cotações para o território negativo durante a tarde.

“Além disso, algumas outras moedas emergentes também estão ganhando ante o dólar, como o peso mexicano.”

Às 15h15 o dólar à vista marcou a mínima de R$5,7965 (-0,25%), para posteriormente voltar a oscilar acima dos R$5,80.

O vaivém das cotações durante o dia também foi influenciado pelas preocupações em torno das tarifas de importação impostas pelos EUA a outros países. Nesta quarta-feira entrou em vigor o aumento de tarifas sobre importações de aço e alumínio. Os países mais afetados são Canadá, o maior fornecedor estrangeiro de aço e alumínio para os EUA, Brasil, México e Coreia do Sul, que têm desfrutado de isenções ou cotas.

Às 17h23, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,12%, a 103,570.

Pela manhã o Banco Central vendeu 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de abril de 2025.

À tarde o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de US$783 milhões em março até o dia 7. O período corresponde à semana passada, que teve apenas três dias úteis em função do Carnaval.

O dia do Ibovespa

Nos EUA, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 0,2% no mês passado, de 0,5% em janeiro, segundo o Departamento do Trabalho, enquanto as expectativas no mercado apontavam alta de 0,3%. Nos 12 meses até fevereiro, a taxa ficou em 2,8%, ante previsão de 2,9%.

No Brasil, o IPCA subiu 1,31% em fevereiro, após avançar 0,16% em janeiro. Apesar de ficar em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters (+1,30%), foi a taxa mensal mais elevada desde março de 2022 (1,62%) e o resultado mais forte para um mês de fevereiro desde 2003 (1,57%).

Em 12 meses, o IPCA subiu 5,06%, de 4,56% no mês anterior e previsão de 5,05%. É a primeira vez que a taxa nessa medição fica acima de 5% desde setembro de 2023 (5,19%), indo mais além do teto da meta oficial — 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

De acordo com o chefe da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, Anderson Silva, incertezas envolvendo a guerra comercial deflagrada pelo presidente Donald Trump também continuam pressionando o sentimento de investidores, em meio a receios de uma recessão na economia norte-americana.

Nesta quarta-feira, passou a vigorar o aumento das tarifas sobre importações de aço e alumínio pelos EUA. O Brasil é segundo maior exportador de aço para o país e o governo avaliará as possibilidades de ação no campo do comércio exterior em resposta, sem medidas retaliatórias de imediato.

DESTAQUES

– AZZAS 2154 ON desabou 13,39% após o balanço do quarto trimestre mostrar lucro líquido recorrente de R$168,9 milhões, queda 35,8% ano a ano, bem como queda em margens. Para analistas do Safra, foi um trimestre negativo para a Azzas, com a lucratividade recorrente fortemente pressionada pelos esforços para normalizar os estoques, entre outros fatores.

– VALE ON cedeu 1,25% em dia de fraqueza dos futuros do minério de ferro na China, onde contrato mais negociado em Dalian cedeu 0,32%, com agentes também de olho na entrada em vigor de tarifas para aço pelos EUA. Analistas do UBS BB cortaram o preço-alvo dos ADRs da mineradora para US$10,50 ante US$11,50 e reiteraram recomendação neutra.

– COGNA ON avançou 4,24% antes da divulgação do resultado do quarto trimestre após o fechamento do mercado brasileiro nesta quarta-feira. O Morgan Stanley também elevou a recomendação das ações para “overweight”, com preço-alvo de R$2, contra R$1,7 anteriormente, segundo relatório com data da véspera. No setor, YDUQS ON subiu 0,38%.

– PETROBRAS PN fechou estável em dia de alta do petróleo no exterior, onde o barril de Brent encerrou o dia negociado com elevação de 2%.

– ITAÚ UNIBANCO PN terminou com variação positiva de 0,31%, em dia marcado pelo lançamento pelo governo de programa para trabalhadores do setor privado terem acesso a empréstimos com desconto em folha garantidos por recursos do FGTS. No setor, BRADESCO encerrou com estabilidade, BANCO DO BRASIL ON perdeu 0,4% e SANTANDER BRASIL UNIT <SANB11.SA> subiu 0,12%.

– CSN ON avançou 0,36% antes do balanço dos últimos três meses de 2024, que será conhecido após o fechamento do pregão, com agentes também analisando potenciais reflexos das tarifas dos EUA sobre aço importado que entraram em vigor nesta quarta-feira. O UBS BB também iniciou a cobertura das ações da companhia com recomendação de venda e preço-alvo de R$7,50.

– XP, que é negociada em Nova York, recuou 5,48%, tendo como pano de fundo relatório negativo de uma casa de análise norte-americana sobre o grupo. Em nota, a XP afirmou que tomou conhecimento de “informações falsas, incorretas e imprecisas” sobre a companhia divulgadas pela Grizzly Research e que tomará medidas legais contra a empresa.