07/03/2025 - 17:52
O dólar fechou neta sexta-feira, 7, em alta, em meio a ajustes técnicos no mercado e a comentários cautelosos de autoridade norte-americana sobre os juros nos Estados Unidos, mas ainda assim a divisa acumulou baixa firme no Brasil na semana encurtada pelo Carnaval.
A moeda norte-americana à vista fechou em alta de 0,51%, aos R$ 5,7892. Na semana, porém, o dólar acumulou baixa de 2,15% e, no ano, recuo de 6,31%.
Às 17h04 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — subia 0,43%, aos R$ 5,8195. Veja cotações.
O Ibovespa também fechou em alta nesta sexta-feira, recuperando os 125 mil pontos, com Brava disparando quase 11% após dados de produção e com o avanço do petróleo no exterior, enquanto agentes financeiros também repercutiram dados mais fracos sobre a economia brasileira no último trimestre do ano passado.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,36%, a 125.034,63 pontos, tendo marcado 125.821,53 pontos na máxima e 122.529,86 pontos na mínima do dia. Na semana, encurtada pelo fechamento da B3 em razão do Carnaval, acumulou alta de 1,82%.
O volume financeiro no pregão desta sexta-feira somou R$ 20,6 bilhões.
O dólar no dia
O dólar iniciou a escalada ante o real já no início do dia, com parte dos investidores ainda ajustando posições na moeda após o forte recuo das cotações visto na quarta-feira, de 2,72%.
A divulgação de dados sobre o mercado de trabalho norte-americano no meio da manhã pesou sobre as cotações no exterior, mas ainda assim o dólar se mantinha em alta ante o real.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que foram criados 151.000 empregos fora do setor agrícola em fevereiro, abaixo dos 160.000 postos de trabalho projetados por economistas ouvidos pela Reuters.
Além dos ajustes técnicos nas cotações após o forte recuo na quarta-feira, a expectativa antes dos comentários do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, marcados para a tarde dava sustentação ao dólar no Brasil, conforme um operador ouvido pela Reuters.
Quando Powell começou a falar, no meio da tarde, o dólar acelerou os ganhos ante o real, acompanhando o avanço das taxas dos Treasuries no exterior. Por trás do movimento estava a leitura de que Powell demonstrou cautela quanto à possibilidade de cortes de juros nos Estados Unidos — o que, em tese, é um fator altista para o dólar ante as demais moedas.
“O novo governo está em processo de implementação de mudanças significativas em quatro áreas distintas: comércio, imigração, política fiscal e regulamentação”, disse Powell em relação às políticas do presidente dos EUA, Donald Trump.
“A incerteza sobre as mudanças e seus prováveis efeitos continua alta. Estamos concentrados em separar o sinal do ruído à medida que as perspectivas evoluem. Não precisamos ter pressa e estamos bem-posicionados para esperar por mais clareza”, acrescentou.
Após ter marcado a cotação mínima da sessão de R$ 5,7521 (-0,13%) às 9h07, poucos minutos após a abertura, o dólar à vista atingiu a máxima de R$ 5,8014 (+0,72%) às 16h04, já sob influência da fala de Powell.
No exterior, o dólar tinha sinais mistos ante as demais divisas no fim da tarde, mas seguia em queda em relação a seus pares fortes.
Às 17h20 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,35%, a 103,820. No mesmo horário, o dólar perdia para o euro, que era cotado a US$1,0845 (+0,55%).
Pela manhã, o Banco Central vendeu a oferta total de 20.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de abril de 2025.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,4% em 2024, acima dos 3,2% do ano anterior e pouco abaixo da previsão de 3,5% do governo.
Apesar do resultado anual robusto, o PIB cresceu apenas 0,2% no quarto trimestre do ano passado ante o trimestre anterior, abaixo da expectativa de alta de 0,5% para o período.
O dia do Ibovespa
O PIB do Brasil cresceu apenas 0,2% no quarto trimestre de 2024 sobre os três meses anteriores, segundo dados do IBGE, abaixo da expansão de 0,7% no terceiro trimestre e da expectativa de avanço de 0,5% em pesquisa da Reuters. Em todo o ano de 2024, apurou crescimento de 3,4%.
Para o analista João Victor Vieitez, da Aware Investments, o PIB sugere uma possível redução na pressão inflacionária, o que pode levar o BC a adotar uma postura mais cautelosa na condução da política monetária, evitando um ciclo de alta mais agressivo da Selic e priorizando a estabilidade econômica.
As taxas dos contratos de DI reagiram aos números do trimestre com queda, o que apoiou ações sensíveis a juros na bolsa paulista, embora muitos economistas esperem alguma recuperação da atividade econômica nos primeiros meses de 2025.
Na visão de economistas da Genial Investimentos, o resultado do PIB se mostra importante para reduzir a pressão sobre o BC, mas também é um fator de risco baixista relevante para a arrecadação do governo e, consequentemente, pode agravar a percepção de risco fiscal nos próximos trimestres.
A última sessão da semana também mostrou que foram criados 151 mil empregos fora do setor agrícola (payroll) norte-americano em fevereiro, após abertura de 125 mil em janeiro (dado revisado para baixo após divulgação inicial de 143 mil). A taxa de desemprego continuou em 4,0%.
“O resultado confirma o nosso cenário de uma economia em desaceleração gradual, e não deve gerar pressão para o Fed mudar sua expectativa de manter as taxas de juros estáveis na próxima reunião”, afirmaram economistas do Bradesco, referindo-se ao Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos.
“O próximo ponto de atenção é a taxa de inflação, o CPI, que surpreendeu para cima em janeiro e caso devolva parte dessa alta configurará um cenário mais positivo para o Fed”, acrescentaram. O CPI de fevereiro está previsto para o próximo dia 12, enquanto o Fed faz sua reunião de política monetária em 18 e 19 de março.
Na próxima semana, a temporada de resultados no Brasil retoma o fôlego, com a agenda incluindo Azzas 2154, Cogna, SLC Agrícola, Eletrobras, LWSA, CSN, Magazine Luiza, Natura&Co, Prio, entre outras.
A partir de segunda-feira, o mercado de ações à vista na B3 também passa a fechar 1h mais cedo em razão do início do horário de verão nos EUA no domingo. A negociação começa às 10h e acaba às 16h55, com o call de fechamento ocorrendo das 16h55 às 17h. O after-market tem início às 17h30 e termina às 18h.
DESTAQUES
– BRAVA ON disparou 10,82%, após divulgar que sua produção atingiu 73.854 barris de óleo equivalente por dia em fevereiro, alta de 9,2% ante janeiro. A Brava disse que o nível recorde de produção no mês reflete investimentos e melhorias implementados nos principais polos de atuação.
– MAGAZINE LUIZA ON saltou 10,55%, endossada pelo alívio nos DIs, que beneficiou papéis sensíveis a juros. O índice do setor de consumo subiu 2,77%, enquanto o do setor imobiliário avançou 2,04%. Entre as construtoras do Ibovespa, MRV&CO ON foi destaque com alta de 5,3%.
– SLC AGRÍCOLA ON subiu 2,73% após comprar a Sierentz Agro Brasil, que atua na produção de soja, milho e outros produtos agrícolas, bem como na criação de gado, por US$135 milhões. Após o acordo, a SLC estima ampliar em 13% área plantada em 2025/26.
– PETROBRAS PN valorizou-se 1,08%, encerrando uma sequência de quatro quedas, endossada pela alta dos preços do petróleo no exterior nesta sessão. PETROBRAS ON fechou em alta 1,22%, após oito sessões no vermelho.
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,43%, com o sinal positivo prevalecendo entre os bancos do Ibovespa. BRADESCO PN subiu 1,21%, BANCO DO BRASIL ON ganhou 1,19%, SANTANDER BRASIL UNIT valorizou-se 2,45% e BTG PACTUAL UNIT terminou com elevação de 2%.
– VALE ON subiu 1,46%, com os futuros do minério de ferro na China interrompendo uma sequência de nove sessões de perdas. O contrato mais negociado em Dalian subiu 0,19% no dia, mas caiu 3,49% na semana. A sexta-feira também foi data de corte para dividendos da mineradora.
– EMBRAER ON caiu 1,39%, segunda queda seguida, refletindo movimentos de realização de lucros, após a ação renovar máximas históricas nos pregões anteriores. O BTG Pactual elevou o preço-alvo do ADR (recibo da ação negociado nos EUA) de US$47 para US$65.
– TOTVS ON recuou 1,93%, refletindo ajustes, uma vez que até a véspera mostrava alta de 30% no ano, enquanto o Ibovespa subia 2,5% no mesmo período. A empresa divulgou na quinta-feira que o GIC Private Limited, fundo soberano de Cingapura, reduziu sua participação na empresa a 4,851%.