O Ibovespa fechou em forte alta nesta quinta-feira, 8, renovando máxima histórica intradia no melhor momento, embalado pelo viés externo positivo, enquanto Bradesco disparou com resultado acima do esperado no primeiro trimestre e expectativas de performance no topo das previsões em 2025.

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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 2,4%, a 136.596,65 pontos, de acordo com dados preliminares, tendo chegado a 137.634,57 pontos no melhor momento, marcando um novo recorde intradia, e a 133.457,68 pontos na mínima do pregão.

O volume financeiro somava R$ 31,8 bilhões antes dos ajustes finais.

Investidores também reagiram positivamente ao noticiário externo, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciando um acordo comercial, enquanto Trump afirmou esperar negociações substanciais com a China no fim de semana.

Já o dólar interrompeu sequência de três altas consecutivas e fechou a quinta-feira pós-Copom em baixa firme, superior a 1%, reagindo a fatores como o avanço das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) de prazos curtos, a perspectiva de acordo comercial entre EUA e alguns de seus principais parceiros e o fluxo de recursos estrangeiros para a bolsa brasileira.

A moeda norte-americana à vista fechou em queda de 1,44%, aos R$ 5,6620. No ano, a divisa acumula baixa de 8,37%.

Às 17h08 na B3 o dólar para junho — atualmente o mais líquido — cedia 1,31%, aos R$ 5,6955.

O dia do Ibovespa

A temporada de balanços também fez preço no pregão. Além dos números do Bradesco, investidores repercutiram nesta sessão números Azzas 2154, Auren Energia, Minerva e Ultra, entre outros, antes de uma nova bateria de resultados aguardada após o fechamento, incluindo Itaú, Lojas Renner, Hapvida, B3 e Cogna.

Do exterior, agradou acordo comercial anunciado entre Estados Unidos e Reino Unido, enquanto o presidente norte-americano Donald Trump afirmou esperar negociações substanciais com a China no fim de semana, acrescentando que as tarifas não podem ir além de 145%. “Não dá para aumentar mais”, afirmou.

Em Nova York, o S&P 500 fechou em alta de 0,58%.

Na visão do chefe de análise e sócio da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, falas um pouco mais tranquilas relacionadas às questões tarifárias corroboraram o tom positivo nos negócios, mas ele destacou que o ambiente permanece de volatilidade, com muitas incertezas ainda no horizonte.

No noticiário brasileiro, Cozzolino apontou eventos micro, como o resultado do Bradesco, como fatores que ajudaram na performance do Ibovespa, mas também citou o comunicado da decisão de política monetária do Banco Central na véspera, que criou a expectativa de que o ciclo de alta da Selic está perto do fim.

 

DESTAQUES

– BRADESCO PN disparou 15,64%, para a R$15,08, máxima desde janeiro de 2024, após o balanço do primeiro trimestre agradar agentes financeiros, com lucro de R$5,86 bilhões, que superou previsões do mercado, além de melhora relevante na rentabilidade e forte crescimento na carteira de crédito. O presidente-executivo do banco, Marcelo Noronha, afirmou que está mais otimista em relação ao resultado que o banco pode entregar em 2025, que ele espera ficar acima do ponto médio sinalizado pelo guidance divulgado mais cedo no ano. O Bradesco também renovou programa de recompra de ações.

– ITAÚ UNIBANCO PN, que divulga balanço ainda nesta quinta-feira, fechou com acréscimo de 0,8%. No setor, BANCO DO BRASIL ON subiu apenas 0,34%, mas SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 4,13% e BTG PACTUAL UNIT avançou 6,6%.

– AZZAS 2154 ON saltou 22,03% após aumento de 23% no resultado operacional medido pelo Ebitda recorrente no primeiro trimestre. De acordo com analistas do Bradesco BBI, os resultados ficaram acima das expectativas no mercado. “A consistência nos próximos trimestres será fundamental, mas os números do primeiro trimestre são importantes para ajudar a abaixar a poeira, retomar a ancoragem das expectativas e, assim, melhorar o sentimento marginal dos investidores”, afirmaram.

– AUREN ENERGIA ON valorizou-se 7,01%, na esteira de um Ebitda ajustado proforma de R$1,2 bilhão nos primeiros três meses do ano, crescimento de 65,7% no comparativo anual. A companhia ressaltou em balanço seu foco na execução e conclusão da integração da AES Brasil até o final do ano, com foco na captura de sinergias e recuperação da disponibilidade dos ativos eólicos incorporados.

– MINERVA ON recuou 7,69%, abandonando o sinal positivo da abertura, quando chegou a subir mais de 4%. A companhia divulgou na véspera que teve lucro líquido de R$185 milhões no primeiro trimestre, revertendo prejuízo de R$186,2 milhões apurado no mesmo período um ano antes, mas abaixo das previsões de analistas. A processadora de alimentos também estimou receita líquida entre R$50 bilhões e R$58 bilhões para 2025. No ano passado, a receita líquida somou R$34 bilhões.

– ULTRA ON caiu 3,69%, após o conglomerado industrial reportar lucro líquido de R$363 milhões de janeiro ao final de março, uma queda de 20% sobre o desempenho de um ano antes e abaixo da expectativa média do mercado. O Ebitda ajustado do grupo, dono da rede de postos Ipiranga, somou R$1,19 bilhão no período, queda de 12, também aquém do esperado.

– PETROBRAS PN subiu 1,39%, beneficiada também pelo avanço dos preço no exterior, onde o barril de Brent fechou negociado a US$62,84, alta de 2,81%. A estatal estuda adaptar uma das plataformas que constam em seu plano de descomissionamento para atuar nos campos de Barracuda e Caratinga, após o cancelamento definitivo de uma licitação que visava o afretamento de uma embarcação do tipo FPSO para revitalização da produção de petróleo na área, disseram a Reuters duas fontes próximas ao assunto.

– VALE ON cedeu 0,3%, destoando do movimento mais positivos, tendo como pano de fundo a queda dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações diurnas com queda de 2,73%, a 693,5 iuanes (US$95,82) a tonelada métrica, seu valor mais baixo desde 11 de abril.