19/05/2025 - 17:33
O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira, 19, renovando máximas históricas e ultrapassando os 140 mil pontos no melhor momento, o que nunca tinha acontecido, em desempenho puxado pela blue chip Itaú e reforçado pela JBS, enquanto Marfrig foi destaque negativo em meio a ajustes após disparar na sexta-feira, 16.
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Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,32%, a 139.636,41 pontos, novo topo de fechamento, tendo marcado 140.203,04 pontos na máxima (novo recorde intradia) e 138.586,77 pontos na mínima do dia. O volume financeiro somou R$ 20,95 bilhões.
Já o dólar à vista recuou ante o real nesta segunda-feira pela segunda sessão consecutiva, à medida que os investidores aproveitaram o pregão mais positivo para divisas de países emergentes no exterior e receberam bem comentários do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, pela manhã.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,25%, a R$ 5,6549. Veja cotações.
Às 17h16, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,29%, a R$ 5,672 na venda.
O dólar no dia
Os movimentos desta sessão tiveram como pano de fundo as perdas generalizadas do dólar nos mercados globais, onde recuava frente a pares fortes, como o euro e o iene, e pares emergentes, como o peso mexicano e o peso chileno.
De forma geral, os investidores reagiam à decisão da agência Moody’s na sexta-feira de rebaixar a nota de crédito dos Estados Unidos de “Aaa” para “Aa1”, citando preocupações com o aumento da dívida do governo federal e dos juros.
Com a mudança na recomendação de crédito, os agentes financeiros elevaram os prêmios de risco da maior economia do mundo, provocando ganhos nos rendimentos dos Treasuries e perdas do dólar, conforme investidores buscavam desfazer algumas de suas posições compradas nos ativos dos EUA.
“Nós acreditamos que isso (decisão da Moody’s) fornece uma oportunidade para investidores com excesso de dólares, ou para investidores internacionais com exposição desequilibrada a ativos dos EUA, reduzirem sua exposição ao dólar”, disseram analistas do banco UBS em relatório.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,42%, a 100,340.
Mais cedo, o dólar chegou a acumular ganhos no Brasil, refletindo o que parecia ser uma aversão inicial ao risco em reação à decisão da Moody’s. Na máxima do dia, a moeda chegou a R$5,6903 (+0,38%), às 9h42.
Ao longo da manhã, no entanto, o dólar foi gradualmente retornando à estabilidade, à medida que a divisa dos EUA passou a recuar ante outras moedas emergentes no exterior.
A divisa brasileira ainda foi sustentada por falas de Galípolo durante evento do banco Goldman Sachs, em São Paulo, quando defendeu a manutenção da taxa de juros em patamar restritivo por um tempo mais prolongado do que o usual.
Galípolo ainda sinalizou que os membros da autarquia continuam dependentes de dados e que não fornecerão “forward guidance” (orientação futura) no momento.
Investidores calcularam que, com a garantia de juros restritivos por um tempo prolongado, o diferencial de juros entre Brasil e outros países continua favorável para a moeda brasileira, gerando ganhos para o real ao longo da sessão.
As falas ainda teriam indicado comprometimento da autarquia com a perseguição da meta de inflação, um fator positivo para os ativos brasileiros.
Analista ouvido pela Reuters ainda apontou para os ganhos no mercado de ações brasileiro nesta segunda, com o Ibovespa renovando sua máxima histórica de fechamento, o que favorece a entrada de investimentos estrangeiros no país.
Na mínima do dia, o dólar atingiu 5,63215 (-0,65%), às 12h23.
Pela manhã, o BC vendeu toda a oferta de 30.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 2 de junho de 2025.
O dia do Ibovespa
Na visão do sócio da RGW Investimentos José Cassiolato, a performance do Ibovespa refletiu o otimismo dos investidores com os sinais recentes da política monetária brasileira.
“A fala de Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, durante conferência promovida pelo banco Goldman Sachs, foi interpretada como uma sinalização clara de que a taxa de juros será mantida em território restritivo pelo tempo que for necessário para conter pressões inflacionárias”, destacou.
Galípolo disse compreender a busca de agentes do mercado por sinais de uma inflexão da política monetária, ponderando que o BC precisa ter cautela e flexibilidade neste momento de incerteza e segue dependente de dados para as próximas decisões.
“Para uma economia que temos uma dinâmica surpreendente nos últimos anos mesmo com uma taxa de juros num patamar mais restritivo, com a inflação e com as expectativas desancoradas, como a gente está vendo, a gente realmente precisa permanecer com uma taxa de juros num patamar bastante restritivo por um período bastante prolongado, essa é a nossa visão”, afirmou o presidente do BC.
De acordo com o analista de investimentos Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos, a fala de Galípolo corroborou a perspectiva de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC não deve mudar a taxa Selic, mantendo-a em 14,75% ao ano na próxima reunião.
No exterior, os pregões em Wall Street se afastaram das mínimas do dia, com o S&P 500 fechando com acréscimo de 0,09%, o que endossou o viés comprador na bolsa paulista.
DESTAQUES
– ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 1,19%, em dia mais positivo para o setor no Ibovespa, BRADESCO PN avançou 0,91%, SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 1,49% e BTG PACTUAL UNIT valorizou-se 1,4%. BANCO DO BRASIL ON destoou e caiu 2,45%, ainda sob efeito da decepção com os números do primeiro trimestre.
– JBS ON subiu 3,06%, com investidores na expectativa de assembleia de acionistas no próximo dia 23 para decidir sobre a dupla listagem, que muitos no mercado veem como um evento que deve destravar valor relevante nas ações. Analistas do JPMorgan reiteraram “overweight”, avaliando que o plano será aprovado.
– LOJAS RENNER ON avançou 2,62%, também na ponta positiva, em meio ao alívio nas taxas de DI. O índice do setor de consumo fechou com elevação de 0,58%.
– MARFRIG ON caiu 6,42%, após fechar com um salto de 21,35% no último pregão, em meio ao anúncio de que pretende incorporar a BRF. BRF ON perdeu 1,35%, tendo ainda no radar a suspensão de importações de carne de frango do Brasil por vários países após caso de gripe aviária. Ainda no setor de proteínas, MINERVA ON ganhou 0,19%.
– YDUQS ON avançou 2,47%, tendo como pano de fundo decreto que regulamenta a nova política de ensino a distância (EaD), vedando essa modalidade nas áreas de direito, medicina, odontologia, enfermagem e psicologia. O texto também reduz a 30% o limite no formato EaD para cursos presenciais e cria o modelo semipresencial. COGNA ON cedeu 2,22%.
– VALE ON recuou 0,27%, acompanhando o comportamento dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 0,89%, a 722,5 iuanes (US$100,15) a tonelada.
– PETROBRAS PN fechou em baixa de 0,12%, em meio a variações modestas do petróleo no exterior, onde barril do Brent subiu 0,2%. A estatal também divulgou nesta segunda-feira que assinou um contrato com a Subsea7 <SUBC.OL> para a engenharia, aquisição, construção e instalação submarina (EPCI) para o Projeto Búzios 11, no valor de R$8,4 bilhões.