O dólar fechou em baixa ante o real pela segunda sessão consecutiva nesta quarta-feira, 11, com investidores digerindo um noticiário positivo para mercados emergentes no exterior e realizando ajustes diante dos patamares historicamente altos da moeda norte-americana.

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O dólar à vista encerrou o dia em queda de 1,47%, cotado a 5,959 reais. Esta foi a primeira vez que a moeda norte-americana fechou abaixo de 6,00 reais neste mês.

O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, ganhando fôlego na parte da tarde, quando ultrapassou os 130 mil pontos momentaneamente, tendo Petrobras entre os principais suportes na esteira do avanço dos preços do petróleo no exterior.

O alívio nas taxas dos contratos de DI de prazos mais longos endossou o viés positivo na bolsa paulista, onde agentes financeiros encerraram o pregão à espera da divulgação da decisão de política monetária do Banco Central.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,01%, a 129.520,43 pontos, segundo dados preliminares, após marcar 130.898,89 pontos na máxima e 127.361,90 pontos na mínima do dia.

O volume financeiro somava 26,8 bilhões de reais antes dos ajustes finais.

Notícias sobre o estado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva continuaram sendo monitoradas no mercado, com o boletim médico mais recente informando que ele fará na quinta-feira uma complementação da cirurgia no crânio realizada nesta semana.

O dólar no dia

A moeda norte-americana, apesar de subir frente a pares fortes, perdia contra a maioria das moedas de países emergentes, com investidores exibindo apetite por risco devido à alta em preços de commodities, às expectativas de novos estímulos econômicos na China e aos dados de inflação dos Estados Unidos.

Os preços do petróleo, mercadoria importante na pauta exportadora brasileira, avançavam nesta sessão em meio a preocupações com a oferta da commodity após a União Europeia chegar a um acordo para impor novas sanções contra o petróleo da Rússia.

Os mercados também demonstravam expectativa com o anúncio de medidas de estímulo econômico na China, enquanto autoridades chinesas se preparam para uma importante reunião nesta semana em que se espera o detalhamento das políticas a serem adotadas. A China é o maior importador de matérias-primas do planeta.

Outro auxílio vinha da maior economia do mundo. O governo norte-americano informou que os preços ao consumidor do país registraram alta de 0,3% na base mensal em novembro, acima do avanço de 0,2% do mês anterior, mas em linha com o esperado por economistas consultados pela Reuters. O ganho anual foi de 2,7%.

Apesar de o resultado demonstrar uma estagnação no processo de desinflação dos EUA na direção da meta de 2%, a falta de surpresas forneceu maior certeza aos mercados de que o Fed deve reduzir os juros novamente na reunião da próxima semana.

“CPI (índice de inflação ao consumidor) veio em linha com o esperado… Esse é um dado muito sensível. Vindo como esperado, não muda muito quais eram as expectativas”, disse Matheus Massote, sócio da One Investimentos.

Operadores colocam agora 97% de chance de um corte de 25 pontos-base nos juros pelo Fed em 18 de dezembro, de 85% antes dos dados.

A redução dos juros nos EUA tende a levar recursos de investidores estrangeiros para outros mercados, à medida que o dólar se torna menos atrativo devido à queda nos rendimentos dos Treasuries.

Com isso, além de perder para o real, o dólar recuava ante o rand sul-africano, o peso colombiano e o peso mexicano.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,30%, a 106,670.

Analista ouvida pela Reuters também chamou a atenção para um movimento de “correção” nesta sessão diante dos patamares recordes da moeda norte-americana. Na segunda, o dólar fechou em 6,08225 reais — maior valor nominal de fechamento da história.

O dólar atingiu a mínima da sessão minutos antes do fechamento, a 5,9584 reais (-1,48%). A máxima foi alcançada às 9h53, a 6,072 reais (+0,40%).

Na cena nacional, o mercado também está focado na última decisão de juros do Copom no ano, que será anunciada a partir das 18h30.

A aceleração do ritmo de aperto monetário pelos membros da autarquia, após a alta de 0,5 ponto percentual em novembro, está completamente precificada pelo mercado, com operadores se dividindo entre um aumento de 0,75 e 1 ponto percentual da Selic, atualmente em 11,25% ao ano.

As apostas estão colocando 70% de chance do movimento maior no momento.

Agentes financeiros vêm elevando as projeções para o ritmo de aperto em meio a sinais recentes de crescente desancoragem das expectativas de inflação, além de dados que têm mostrado uma atividade econômica superaquecida no Brasil.

O Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 2,64 bilhões de dólares em dezembro até dia 6, em movimento puxado pela via financeira, informou nesta quarta-feira o Banco Central.

No fim da manhã, o Banco Central vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.