Em mais um dia de alta global, o dólar chegou a oscilar acima dos R$ 5,80 pela manhã, mas desacelerou no restante do dia e encerrou esta segunda-feira, 11, abaixo deste nível técnico, em uma sessão novamente marcada por receios quanto ao retorno de Donald Trump à Casa Branca e pela demora do governo Lula em lançar seu pacote fiscal.

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O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,58%, cotado a R$ 5,7711. Em novembro, porém, a divisa acumula baixa de 0,18%. Veja cotações.

Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,47%, a 5,7810 reais na venda.

O Ibovespa fechou no azul nesta segunda-feira, resistindo à pressão negativa das ações da Vale, com Embraer entre os destaques positivos após a Suécia escolher o C-390 Millennium como seu próximo avião militar de transporte, assim como Sabesp e Localiza, que reportam balanços após o encerramento do pregão.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa registrou um acréscimo de 0,06%, a 127.904,68 pontos, de acordo com dados preliminares, tendo marcado 127.306,45 pontos na mínima e 128.095,17 pontos na máxima da sessão. O volume financeiro somava 18,63 bilhões de reais antes dos ajustes finais.

O dólar no dia

A segunda-feira foi mais um dia de elevação praticamente generalizada do dólar ante as demais divisas, em meio aos receios quanto à adoção pelos Estados Unidos de tarifas mais elevadas de importação — uma das promessas de campanha do presidente eleito Donald Trump.

A queda de preços do minério de ferro e do petróleo, dois dos principais produtos da pauta exportadora brasileira, na esteira da decepção com notícias sobre estímulos econômicos na China, era outro fator que pesava sobre o real. Na sexta-feira, com os mercados fechados no Brasil, o país asiático já havia divulgado números decepcionantes de inflação.

No Brasil, a demora do governo em apresentar seu pacote fiscal, prometido originalmente para depois das eleições municipais, voltou a impulsionar o dólar e as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros).

“No Brasil, a terceira semana consecutiva de indefinição sobre o pacote de ajuste fiscal continua gerando incertezas, o que reflete no comportamento do dólar logo pela manhã”, disse mais cedo Diego Gardi, gerente comercial e analista da B&T Câmbio, em comentário enviado a clientes.

“Com o dólar se fortalecendo globalmente, o mercado aguarda uma definição em torno de 60 bilhões de reais (de cortes de gastos do pacote), mas trabalha com a expectativa de um valor entre 30 bilhões e 60 bilhões de reais. Se o valor ficar mais perto de 30 bilhões de reais, pode gerar um clima de mau-humor, enquanto um valor mais próximo de 60 bilhões de reais pode trazer uma sensação de maior tranquilidade”, acrescentou.

Neste cenário, o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 5,8175 reais (+1,39%) às 10h27.

Operador ouvido pela Reuters afirmou que cotações acima de 5,80 reais atraíram agentes para a ponta de venda, o que trouxe certo alívio para os preços, ainda que o dólar seguisse em alta. Às 15h37 a moeda à vista marcou a mínima de 5,7630 reais (+0,44%).

O feriado do Dia dos Veteranos nos Estados Unidos, que manteve o mercado de Treasuries fechado, também reduziu a liquidez no câmbio no Brasil, segundo o operador. De fato, perto do fechamento do mercado à vista o dólar para dezembro — o mais líquido atualmente — somava cerca de 150 mil contratos negociados, bem menos que a média de uma sessão normal.

No início do dia, o Banco Central informou no relatório Focus que a mediana das projeções do mercado para o dólar no fim de 2024 passou de 5,50 para 5,55 reais. No caso de 2025, foi de 5,43 para 5,48 reais.

No fim da manhã o BC vendeu todos os 15.200 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.

Às 17h14, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,48%, a 105,510.