O dólar à vista fechou rondando a estabilidade, com discreta alta nesta sexta-feira, 13, ampliando os ganhos da véspera, à medida que os investidores seguiam demonstrando receios com o cenário fiscal do país, com um leilão à vista do Banco Central reduzindo o que era uma alta de mais de 1% da divisa norte-americana durante a tarde.

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O dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,28%, cotado a 6,0295 reais. Na semana, a moeda dos Estados Unidos teve perda de 0,78%. Veja cotações.

Na B3, às 17h03, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,88%, a 6,038 reais na venda.

Pela primeira vez desde agosto, o Banco Central (BC) vendeu dólares das reservas internacionais, sem comprar o dinheiro de volta, para segurar a alta da moeda norte-americana. A autoridade monetária leiloou na tarde desta sexta-feira (13) US$ 845 milhões para fazer cair a cotação.

O leilão à vista ocorreu pouco antes das 15h. A última venda de dólares do tipo ocorreu em 30 de agosto, quando a autoridade monetária vendeu US$ 1,5 bilhão. Atualmente, o BC tem US$ 363,6 bilhões em reservas internacionais.

Na quinta-feira (12), o BC tinha leiloado US$ 4 bilhões das reservas internacionais. No entanto, havia vendido o dinheiro na modalidade leilão de linha, com o compromisso de comprar de volta uma parte em fevereiro e outra em abril e reincorporar os recursos às reservas externas.

Novo leilão

O Banco Central anunciou que fará novo leilão de dólares com compromisso de recompra na segunda-feira, quando serão ofertados 3 bilhões de dólares ao mercado.

Em comunicado divulgado nesta sexta, o BC afirmou que as propostas para o leilão de linha serão acolhidas das 10h20 às 10h25 de segunda-feira. As operações de venda da autarquia serão liquidadas na quarta-feira e as operações de compra, em 6 de março de 2025.

Na quinta-feira, o BC vendeu 4 bilhões de dólares em dois leilões de linha. Mais cedo nesta sexta, foram vendidos mais 845 milhões de dólares em um leilão à vista, sem compromisso de recompra.

Bolsa

O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira, com Vale entre as maiores pressões de baixa na esteira do recuo dos preços do minério de ferro na China, enquanto agentes financeiros continuaram ajustando posições para um cenário de juros mais altos e descontentes com o quadro fiscal brasileiro.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 1,13%, a 124.612,22 pontos, tendo marcado 124.578,33 pontos na mínima e 126.290,33 pontos na máxima do dia. Com tal desempenho, acumulou uma perda de 1,06% na semana. O volume financeiro nesta sexta-feira somou 22,8 bilhões de reais.

O dia do Ibovespa

Na visão do economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, a reação dos ativos brasileiros é um sinal da percepção no mercado de que, sem a ajuda da política fiscal, a política monetária não será capaz de levar a economia brasileira de volta ao equilíbrio.

Em meio a um ambiente de atividade econômica e inflação mais fortes do que o esperado e avaliação negativa sobre o pacote de ajuste fiscal, o Banco Central acelerou o ritmo de alta da Selic, com um aumento de 1 ponto percentual, para 12,25% ao ano, e sinalizou duas elevações na mesma magnitude à frente.

Mas, até o momento, o movimento “hawkish” do BC na última quarta-feira não surtiu efeito no mercado de DI, onde as taxas mais longas continuam subindo, o que acaba reverberando na bolsa paulista, assim como o dólar continuou acima de 6 reais, mesmo com leilões de dólares da autoridade monetária.

Economistas do Santander no Brasil chefiados por Ana Paula Vescovi destacaram que a mudança de estratégia do BC de gradualismo para “tratamento de choque” é justificada pelas boas práticas de política monetária, mas não é suficiente para afirmar que a autarquia será bem-sucedida em convergir a inflação à meta.

“Essencialmente, quando a política fiscal permanece expansionista, alguns canais de transmissão da política monetária podem ficar obstruídos ou menos eficazes”, reforçaram em relatório enviado a clientes nesta sexta-feira.

 

DESTAQUES

– VALE ON recuou 1,5%, em dia de queda dos contratos futuros de minério de ferro na China, com agentes desapontados com a falta de detalhes concretos sobre estímulos econômicos da Conferência Central de Trabalho Econômico daquele país. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com perda de 1,12%, a 797,0 iuanes (109,50 dólares) a tonelada.

– ITAÚ UNIBANCO PN caiu 1,29%, em meio ao clima ainda negativo na bolsa, bem como as perspectivas negativas sobre o efeito da alta dos juros para o crescimento da economia e seus reflexos no mercado de crédito. BANCO DO BRASIL ON cedeu 1,37%, BRADESCO PN fechou em baixa de 1,31% e SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 1,66%.

– LOCALIZA ON cedeu 4,5%, também pressionada pelas preocupações com os potenciais efeitos de juros mais altos no segmento de seminovos, entre outros. A empresa de aluguel de veículos e gestão de frotas também divulgou que o seu conselho de administração aprovou pagamento de 426,4 milhões de reais em juros sobre capital próprio (JCP). Fora do Ibovespa, MOVIDA ON recuou 6,44%.

– PETROBRAS PN caiu 0,63%, a despeito da alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou negociado em alta de 1,47%, a 74,49dólares.

– GPA ON avançou 4,87%, devolvendo parte das perdas com o tombo de 11% na véspera e tendo no radar noticiário envolvendo interesse do empresário Nelson Tanure no dono da bandeira Pão de Açúcar. Procurado, o GPA disse que não comentaria o assunto. No setor, CARREFOUR BRASL ON caiu 5,02% e ASSAÍ ON — que concluiu o plano de 66 conversões de hipermercados iniciado em 2022 — perdeu 5,12%.

– VAMOS ON recuou 5,08%, mantendo a correção negativa da véspera, após alta nos três primeiros pregões da semana, sendo que na terça-feira saltou 12%. Analistas do UBS BB cortaram a recomendação dos papéis para “neutra” e reduziram o preço-alvo das ações de 14 para 6,50 reais, conforme relatório de 12 de dezembro, citando um cenário desafiador para a companhia em parte devido aos efeitos de juros mais altos.

– BRASKEM PNA desabou 11,03%, tendo no radar relatório do Santander cortando a recomendação das ações para “neutra” e adotando preço-alvo de 18 reais para o final de 2025, ante 27 reais no final de 2024. Apesar de esperar um aumento do Ebitda ano a ano em 2025, os analistas avaliam que os resultados permanecerão relativamente fracos e o Ebitda compensará apenas as despesas não operacionais.

– JBS ON subiu 1,13%, endossada por relatório do JPMorgan elevando o preço-alvo das ações de 43 para 46 reais e mantendo a recomendação “overweight” e o “positive catalyst watch” para os papéis. Para os analistas, o “momentum” positivo para os resultados deve continuar em 2025. O banco também elevou o preço de BRF, de 30 para 31,50 reais e reiterou o “overweight” e o “positive catalyst watch”. BRF ON cedeu 0,11%.

*Com informações de Reuters e Agência Brasil