Em sessão marcada pela expectativa antes da posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o dólar oscilou entre altas e baixas nesta sexta-feira, 17, e encerrou o dia próximo da estabilidade, na faixa dos 6,06 reais, ainda que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha defendido que a divisa esteja “cara” para os fundamentos do país.

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O dólar à vista fechou em leve alta de 0,16%, aos 6,0650 reais. Na semana, porém, a moeda acumulou baixa de 0,62%. Às 17h09, na B3, o dólar para fevereiro — atualmente o mais líquido — subia 0,16%, aos 6,0770 reais.

O dólar no dia

Pela manhã o dólar registrou volatilidade maior ante o real, com investidores se preparando para a posse de Trump, na segunda-feira, e repercutindo alguns números da economia chinesa e dos EUA.

O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,4% no quarto trimestre de 2024, ante o mesmo período do ano anterior, superando a projeção de 5,0% em pesquisa da Reuters. No acumulado do ano passado, o crescimento chinês atingiu a meta de 5% do governo.

Nos EUA, a produção manufatureira aumentou 0,6% em dezembro, após ganho revisado para cima de 0,4% em novembro, informou o Federal Reserve durante a manhã. Economistas consultados pela Reuters previam aumento de 0,2%, após alta de 0,2% relatada anteriormente.

Neste cenário, o dólar à vista oscilou entre a cotação mínima de 6,0278 reais (-0,45%), às 9h13, e a máxima de 6,0912 reais (+0,60%), às 11h01.

Profissionais ouvidos pela Reuters pontuaram, no entanto, que não havia gatilhos fortes para o dólar se firmar em nenhuma direção. Durante a tarde isso ficou ainda mais claro, quando as cotações se mantiveram próximas da estabilidade e a liquidez foi reduzida, com boa parte dos agentes apenas esperando a sexta-feira terminar.

Embora a segunda-feira possa ser importante para os ativos globais, em função da posse de Trump, o dia também será coincidentemente de feriado nos Estados Unidos (Dia de Martin Luther King), o que manterá a bolsa norte-americana fechada, reduzindo a liquidez também nos mercados de câmbio em todo o mundo.

Entre os agentes do mercado, uma das avaliações é de que, dependendo das medidas a serem adotadas no início do governo Trump — se mais ou menos inflacionárias para os Estados Unidos –, os Treasuries tendem a passar por ajustes mais fortes, assim como o dólar, com reflexos também para as cotações no Brasil.

Durante a tarde desta sexta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pontuou durante entrevista à CNN Brasil que a cotação do dólar depende de algumas variáveis — inclusive da geopolítica internacional — que não estão sob o controle do governo.

Ao mesmo tempo, defendeu que um dólar acima de 6,00 reais é caro, considerando os fundamentos do país.

“Se eu dissesse que hoje eu compraria o dólar a 6 reais? Não, eu não compraria acima de 5,70 reais”, afirmou o ministro. “Na minha opinião, qualquer coisa acima de 5,70 é caro para os fundamentos da economia brasileira hoje.”

Às 17h12, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,35%, a 109,350.

O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, em dia de vencimento de opções sobre ações na bolsa paulista, com a blue chip Vale avançando mais de 3% após dados melhores do que o esperado na China.

Investidores também encerraram as negociações em clima de expectativa para a posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, na segunda-feira, principalmente para eventuais anúncios de medidas no primeiro dia de mandato.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 0,92%, a 122.350,38 pontos, tendo marcado 121.074,14 pontos na mínima e 122.674,4 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou 22,6 bilhões de reais.

Na semana, o Ibovespa acumulou alta de 2,94%, fechando no azul em quatro de cinco pregões. No mês, contabiliza um ganho de 1,72%.

O dia do Ibovespa

Na China, o PIB do último trimestre de 2024 cresceu 5,4% sobre o mesmo período de 2023, acima do previsto, assim como a produção industrial e as vendas do varejo registraram em dezembro expansão maior do que as estimativas do mercado.

Economistas do UBS destacaram positivamente em relatório os números acima das expectativas, mas reiteraram a previsão do banco suíço de que o crescimento da segunda maior economia do mundo irá desacelerar em 2025 para cerca de 4%.

Eles avaliam que os ventos contrários de aumentos de tarifas dos Estados Unidos (conforme sinalizado por Trump) e a persistente crise imobiliária serão apenas parcialmente compensados por um suporte mais forte de políticas de Pequim.

Nesta sexta-feira, Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, discutiram algumas questões em ligação telefônica, que o norte-americano classificou como “muito boa”, enquanto Xi disse que ele e Trump esperavam um início positivo nas relações de ambos.

Trump volta à Casa Branca na segunda-feira para seu segundo mandato, após uma das mais surpreendentes reviravoltas políticas da história norte-americana.

O dia da posse é, por tradição, amplamente dedicado à pompa e circunstância. Mas o republicano se comprometeu a assinar uma série de decretos sobre assuntos que vão desde a segurança da fronteira até a produção de petróleo e gás em seu primeiro dia.

De acordo com a gerente de research da Nomad, Paula Zogbi, muitas medidas prometidas por Trump na campanha têm potencial inflacionário, o que pode dificultar o processo de alívio monetário na maior economia do mundo.

Mas, citou, uma vez que o eleitorado de Trump é sensível ao aumento dos preços, “é razoável imaginar que parte das medidas seja redesenhada de alguma forma, com apoio de uma equipe econômica considerada moderada e bom diálogo com o mercado”.

Na segunda-feira, dia da posse, os pregões norte-americanos estarão fechados em razão do feriado nos EUA pelo Dia de Martin Luther King. No Brasil, a B3 funciona normalmente.

DESTAQUES

– VALE ON avançou 3,46%, na esteira da alta dos futuros do minério de ferro no exterior e dados da China melhores do que o esperado. No setor de mineração e siderurgia, CSN MINERAÇÃO ON valorizou-se 5,13%, CSN ON subiu 4,1%, USIMINAS PNA ganhou 3,51% e GERDAU PN fechou com variação positiva de 0,64%.

– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,72%, única ação entre os grandes bancos de varejo do Ibovespa no azul, apoiada por relatório do UBS BB elevando a recomendação do papel a compra. No setor, BRADESCO PN caiu 1,19%, BANCO DO BRASIL ON cedeu 0,12% e SANTANDER BRASIL UNIT perdeu 0,68%. BTG PACTUAL UNIT cedeu 0,27%.

– MINERVA ON valorizou-se 3,72%, com o setor de proteínas como um todo na parte alta da coluna positiva do Ibovespa. BRF ON subiu 1,38%, MARFRIG ON avançou 1,91% e JBS ON encerrou com alta de 0,86%.

– IRB(RE) ON avançou 4,21%, renovando uma máxima de fechamento desde dezembro de 2023. O BTG Pactual reiterou em relatório no começo da semana sua recomendação de compra para as ações da resseguradora, afirmando que, além do valuation barato, a empresa tem uma quantidade significativa de créditos fiscais e segue atrás de seus pares de seguro na bolsa.

– PETROBRAS PN subiu 0,4%, em dia de fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent, usado como referência pela estatal, terminou com declínio de 0,62%. PETROBRAS ON cedeu 0,07%.

– YDUQS ON recuou 5,71%, tendo como pano de fundo relatório do JPMorgan sobre o setor cortando a recomendação dos papéis do grupo de educação para neutra e reduzindo o preço-alvo de 18 a 10,50 reais. COGNA, que teve a recomendação “overweight” mantida, subiu 1,63%, com o noticiário também incluindo anúncio de programa de recompra de ações pela empresa.

– AZUL PN fechou em baixa de 3,06%, em dia de ajustes após avançar na véspera, quando agentes repercutiram memorando de entendimento assinado com a holding Abra, controladora da rival Gol, para potencial fusão das duas companhias aéreas. Na véspera, quando o Ibovespa caiu 1,15%, Azul fechou em alta de 3,63%.

– HAPVIDA ON recuou 5,49%, tendo como pano de fundo relatório do Goldman Sachs mantendo recomendação de compra para os papéis, mas cortando o preço-alvo das ações de 5 para 4,3 reais, para refletir o efeito de taxas de juros mais altas no resultado da empresa e em seu custo de capital.