O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) na capital paulista em maio subiu 1,8% em relação ao mês imediatamente anterior, atingindo 99,4 pontos. Mas o empresário do comércio varejista paulistano continua alimentando pessimismo em relação ao cenário econômico.

Procurado pelo Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) para explicar essa aparente contradição, de no mês em análise o índice subir e o pessimismo se manter presente, o assessor econômico da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), André Sacconato, explicou que o Icec é um indicador estruturado para ter como 100 pontos a linha divisória entre pessimismo e otimismo dos empresários. Apesar de uma alta de quase 2% de maio sobre abril, o Icec continuou abaixo dos 100 pontos.

Segundo Sacconatto, os empresários têm se mantido pessimistas por estarem vendo a economia se encaminhando para o mesmo cenário que se consolidou no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. Naquele momento, como já ocorre hoje, os índices de atividade, como os de serviços e indústria, por exemplo, já davam sinais de desaquecimento da economia, mas a demanda não baixava por conta dos estímulos fiscais.

De acordo com o assessor econômico da FecomercioSP, tratava-se de uma sinalização clara de que, em momentos mais à frente, a demanda estaria acima do que o setor produtivo poderia ofertar. Hoje, o setor produtivo, que se encontra na fase anterior do varejo, já se ressente, em partes, do ciclo de aperto da política monetária iniciado pelo Banco Central em setembro de 2024. Apesar disso, o mercado de trabalho segue demandante de mão de obra, o que concede maior poder de barganha aos trabalhadores nas negociações salariais.

“O mercado de trabalho, até pela rigidez da legislação, é o último a sentir os impactos de medidas contracionistas e expansivas sobre a economia. O empresário segura ao máximo as demissões porque, além dos custos rescisórios, a demanda continua aquecida pelos incentivos fiscais, ainda que o setor produtivo já dê sinais de desaceleração”, explicou Sacconato, reforçando que nas leituras anuais os índices de atividade já estão com variações menores que as acumuladas nos últimos 12 meses.

O motivador da alta no Icec – que é composto por três subíndices – foi a melhoria da percepção em relação ao futuro. Após ter registrado quatro quedas seguidas entre os meses de dezembro e março – um recuo de 15,3% -, o Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (Ieec) apontou uma leve reação em abril, e no mês seguinte, subiu 4,5%, atingindo 129 pontos. É o componente de melhor avaliação dentro do Icec e o único na zona de otimismo (acima de 100 pontos), ainda que no comparativo anual tenha registrado uma queda de 8%.

Os outros dois componentes do índice ficaram praticamente estáveis em maio. O Índice das Condições Atuais do Empresário do Comércio (Icaec), que mede a percepção dos empresários quanto ao momento atual, atingiu 71,6 pontos – a menor pontuação desde julho de 2021, um leve recuo de 0,2% em comparação com o mês passado, revelando desconfiança e pessimismo.

Em relação a maio do ano passado, a queda foi de 11,8%. Além disso, preocupa a velocidade de deterioração do indicador, já que, entre janeiro e maio, o Icaec recuou 14,3%. Por fim, o Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) permaneceu em 97,7 pontos no quinto mês do ano, queda de 4,5% em relação ao mesmo período de 2024.