A presidente do Federal Reserve (Fed) de São Francisco, Mary Daly, afirmou nesta sexta-feira, 22, que a decisão de manter os juros desta semana reflete que o BC americano “está próximo” do seu objetivo de alcançar as taxas em nível restritivo o suficiente para controlar a inflação. No entanto, Daly reforçou que esta não é uma declaração de vitória ou de que o aperto monetário encerrou o seu ciclo nos Estados Unidos.

Em evento, a dirigente disse que ainda não sabe se os juros terão que ser elevados novamente, decisão que dependerá dos próximos dados da economia americana, segundo ela. “À medida que chegamos perto do pico dos juros temos que reduzir ritmo para entender os dados e como a economia responde”, comentou Daly. “Temos que reduzir o preços o máximo possível e ver a inflação retornando à meta”, defendeu.

Contudo, é improvável que a inflação retorne à 2% no próximo ano, na visão dela, o que sugere que os juros devem permanecer em nível elevado por tempo prolongado. Daly comentou que – apesar do arrefecimento no mercado de trabalho, redução das expectativas de inflação e melhora nas cadeias de oferta e demanda – os dirigentes continuam alertas a reaceleração nos preços de energias e alimentos.

Questionada sobre riscos geopolíticos para a economia, Daly afirmou que o BC americano monitora estas questões, mas que elas não necessariamente interferem em suas decisões de política monetária – por exemplo, a recente greve do sindicato United Auto Workers (UAW) e o risco de paralisação das atividades do governo.

Além disso, a dirigente acredita que “não existem travas para o crescimento” dos EUA neste momento e que, mesmo com a desaceleração global, o comércio americano segue ativo. Daly comentou ainda que o aumento na inadimplência do cartão de crédito dos americanos reflete o esgotamento das poupanças, mas segue em níveis historicamente baixos e não sinalizam riscos.

Daly também respondeu a perguntas sobre o sistema bancário americano e garantiu que ele segue “seguro, robusto e resiliente”. Para ela, as turbulências não abalaram os bancos americanos de forma geral, pontuando que eles conseguiram suportar às quebras do Signature Bank, Silicon Valley Bank e First Republic Bank no início deste ano graças aos seus fortes níveis de capital. “Estresses bancários deste ano são também uma história de sucesso sobre a força dos bancos dos EUA”, concluiu.