30/07/2025 - 15:09
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu pela manutenção da taxa de juros em decisão nesta quarta-feira, 30. A decisão veio em linha com as projeções do mercado.
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Com isso, os juros nos EUA seguem na faixa de 4,25% a 4,50% conforme a decisão do Fed desta quarta.
A posição do BC americano de manter os juros neste patamar vem em meio a um cenário de incessantes ataques do presidente Donald Trump ao Fed. Por sucessivas vezes o mandatário na Casa Branca sinalizou para uma possível demissão de Jerome Powell e pressionou a autoridade monetária para um eventual corte de juros.
No comunicado (veja na íntegra ao fim do texto), o banco central americano declarou que, apesar das oscilações nas exportações líquidas, os indicadores econômicos sinalizam que o crescimento da atividade econômica ‘moderou’ neste primeiro semestre, corroborando a decisão de manutenção de juros.
“A taxa de desemprego permanece baixa e as condições do mercado de trabalho continuam sólidas. A inflação segue um pouco elevada”, disse a autoridade monetária dos EUA.
O indicador de atividade econômica divulgado mais recentemente pelos EUA mostrou uma alta de 3% no Produto Interno Bruto (PIB) entre abril e junho. Os dados foram divulgados também nesta quarta-feira, 30, pelo Departamento de Comércio, e superaram projeções de analistas.
Em relação ao comunicado, o economista-chefe da Suno, Gustavo Sung, destaca que o comitê reforçou que os últimos dados de atividade econômica mostram um ritmo de crescimento moderado e com um panorama de preços pressionados.
“Esse cenário de preços pressionados nos próximos meses e mercado de trabalho firme, reforça a visão de que o Fed não precisa iniciar um ciclo de cortes de juros no curto prazo”, observa.
A visão da casa é de que a autoridade monetária americana deve aguardar os próximos dados de inflação e os desdobramentos do choque tarifário antes de tomar uma decisão.
“Mantemos a expectativa de que o primeiro corte só deve ocorrer em dezembro de 2025, a menos que haja uma deterioração mais significativa no mercado de trabalho”, sinaliza Sung.
A decisão não foi unânime dentre os membros do board do Federal Reserve.
Votaram a favor da manutenção de juros:
- Jerome H. Powell (presidente)
- John C. Williams (vice-presidente)
- Michael S. Barr
- Susan M. Collins
- Lisa D. Cook
- Austan D. Goolsbee
- Philip N. Jefferson
- Alberto G. Musalem
- Jeffrey R. Schmid
Todavia, votaram para alteração de juros os membros Michelle W. Bowman e Christopher J. Waller. Esses votaram por um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) na taxa de juros dos EUA.
Adriana D. Kugler por sua vez esteve ausente e não votou.
Sung, da Suno, frisa que esse cenário de dissidência foi ‘uma novidade’ da reunião. O especialista observa que os dois diretores que votaram pelo corte de 0,25p.p. foram nomeados durante o primeiro mandato de Donald Trump e que nas últimas semanas eles já haviam sinalizado preferência por esse movimento.
“Apesar de terem sido escolhidos por Trump, que vem pressionando o banco central para reduzir o patamar restritivo da política monetária, não vemos sinais de interferência política por parte do Executivo, nem expectativa de demissão do atual presidente do Fed, Jerome Powell”, comenta.
“A principal incerteza no médio prazo gira em torno de sua sucessão. Powell deve permanecer no cargo até maio de 2026, mas o governo já sinalizou que a indicação do novo nome tende a ocorrer até o fim de 2025 — fora do padrão histórico — o que pode gerar ruídos sobre as próximas decisões de política monetária”, completa.
Comunicado do Fed na íntegra
Embora as oscilações nas exportações líquidas continuem afetando os dados, indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica se moderou na primeira metade do ano. A taxa de desemprego permanece baixa e as condições do mercado de trabalho continuam sólidas. A inflação segue um pouco elevada.
O Comitê busca alcançar o máximo emprego e uma taxa de inflação de 2% no longo prazo. A incerteza quanto às perspectivas econômicas continua elevada. O Comitê está atento aos riscos que afetam ambos os lados de seu duplo mandato.
Para apoiar seus objetivos, o Comitê decidiu manter a meta para a taxa dos fundos federais na faixa de 4,25% a 4,5%. Ao considerar a extensão e o momento de novos ajustes na meta da taxa dos fundos federais, o Comitê avaliará cuidadosamente os dados recebidos, as perspectivas econômicas em evolução e o balanço de riscos.
O Comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro, dívidas de agências e títulos hipotecários emitidos por agências. O Comitê está fortemente comprometido em apoiar o pleno emprego e em trazer a inflação de volta à meta de 2%.
Ao avaliar a postura apropriada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O Comitê está preparado para ajustar a política monetária conforme necessário, caso surjam riscos que possam impedir o cumprimento de seus objetivos.
As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo indicadores das condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, além de desenvolvimentos financeiros e internacionais.