07/05/2025 - 8:33
As autoridades do Federal Reserve afirmam que querem ter uma visão mais clara dos rumos da economia dos Estados Unidos antes de decidirem seu próximo movimento na taxa de juros, mas os dados desde a última reunião do banco central tornaram as perspectivas ainda mais confusas, uma vez que o comércio e outras políticas permanecem instáveis.
+Trump considera destituir o presidente do Federal Reserve
Na reunião de política monetária de dois dias que termina nesta quarta-feira, as autoridades do Fed podem citar a retração no Produto Interno Bruto do primeiro trimestre e quedas na confiança das empresas e dos consumidores para argumentar que os cortes nos juros podem ser necessários mais cedo ou mais tarde.
Ou podem citar dados de emprego ainda sólidos, gastos saudáveis dos consumidores e um salto esperado na inflação provocado pelas tarifas como um motivo para esperar.
Qualquer uma das opções é arriscada até que as políticas do presidente Donald Trump fiquem mais claras, o que torna provável que o Comitê Federal de Mercado Aberto deixe os juros inalterados quando anunciar sua decisão de política monetária às 15h (horário de Brasília), enquanto continua a reconhecer os limites do que pode dizer sobre o futuro.
Investidores esperam que a taxa de juros permaneça na faixa de 4,25% a 4,50% até a reunião do Fed em 29 e 30 de julho.
“Os dados que estão chegando não são nem bons nem ruins o suficiente para forçar o Fomc a revelar suas intenções”, escreveu Steve Englander, chefe de estratégia macro para a América do Norte do Standard Chartered. “Não fazer nada e dizer menos é provavelmente uma opção bem-vinda (…) quando há tanta incerteza sobre as políticas fiscais e tarifárias e suas consequências econômicas e no mercado de ativos.”
Assim como muitas das tarifas de importação de Trump, o impacto sobre a inflação pode não ser conhecido por meses. Somente em julho o presidente decidirá se vai impor as tarifas mais agressivas sobre produtos de dezenas de países, e as taxas finais sobre automóveis importados e outros itens também estão no ar.
Os desafios judiciais podem impedir que alguns dos decretos de Trump sejam promulgados, mesmo que ele decida prosseguir.
Enquanto isso, porém, a inflação, medida pelo índice PCE, que o Fed usa para definir sua meta de inflação de 2%, desacelerou em março para 2,3%, taxa mais baixa em cerca de meio ano.
Esse abrandamento das pressões dos preços provocou pedidos de Trump para que o Fed corte os juros, mas não conta a história completa. As medidas de inflação subjacente, excluindo os preços voláteis de alimentos e energia, permaneceram muito mais altas, acima de 2,6% em março.
Além disso, as tarifas devem aumentar a inflação à medida que o ano avança, exigindo que as autoridades do Fed avaliem se os novos aumentos de preços serão ajustes pontuais ou mais persistentes. Elas erraram em 2021, quando pensaram que a inflação iria diminuir, e não querem ser pegos de surpresa novamente.
O chair do Fed, Jerome Powell, “deixou claro que, se for preciso, ele garantirá que a inflação seja controlada antes de cortar os juros”, escreveu Diane Swonk, economista-chefe da KPMG, esta semana.
Powell dará entrevista à imprensa meia hora após a divulgação do comunicado do Fed nesta quarta-feira, 07.