O comando do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deixou evidentes divisões internas sobre a proposta para elevar exigências de capital para os maiores bancos dos Estados Unidos. Vice-presidente de Supervisão, Michael Barr defendeu a iniciativa, elaborada sob seu comando, com o argumento de que ajudará a garantir a solidez dos bancos, deixando-os mais alinhados aos riscos reais. Segundo ele, o staff do BC dos EUA considera que os benefícios de um sistema financeiro mais robusto com as medidas compensam os custos à atividade econômica decorrentes do capital adicional exigido.

O presidente do Fed, Jerome Powell, por sua vez, enfatizou que o sistema bancário americano tem níveis “fortes” de capital e liquidez. Ele defendeu que sejam elevadas as exigências de capital para bancos com entre US$ 100 bilhões e US$ 250 bilhões. Powell falou em calibrar as propostas de capital com a atividade nos mercados e os riscos operacionais. Ele disse que os níveis elevados de capital amparam a resiliência dos bancos em momentos de estresse, mas também citou como risco um declínio rápido da liquidez e do acesso ao crédito.

A diretora Michelle Bowman se mostrou ainda mais reticente. Segundo ela, não há evidência suficiente de que os benefícios do aumento de capital compensariam seus custos. Ela se disse aberta a considerar propostas para melhorar a regulação de capital, mas avaliou que a proposta feita não leva em consideração diferentes estrutura de capital e riscos no setor. A diretora também se disse “preocupada” com a possibilidade de que regras desenhadas para os grandes bancos possam ser impostas aos pequenos no setor. Bowman vê o risco de uma “onda de fusões” com as mudanças, o que poderia ter efeitos nocivos para a competição.

Em linha similar, outro diretor, Christopher Waller, avaliou que eventos recentes e testes mostram que os bancos são resistentes a choques. Para ele, não está claro que os grandes bancos precisem de um adicional de capital. Waller também comentou que, na sua opinião, tampouco está claro que as regras de Basileia III melhorariam a resiliência do sistema financeiro americano, mas podem elevar custos e “impedir o funcionamento do mercado”. Ele advertiu contra enfrentar esses “custos” sem benefícios claros.