27/08/2020 - 13:51
O Federal Reserve dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira que permitirá que a inflação cresça “por algum tempo” para impulsionar a criação de empregos, em um momento de alto desemprego devido à pandemia do coronavírus.
Essa mudança significa que a inflação pode permanecer acima da meta de 2% antes que o Fed decida aumentar as taxas de juros para contê-la, explicou o presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, em discurso.
O anúncio vem em um momento em que o país sofre uma crise aguda derivada da pandemia, com desemprego acima de 10% e contração do PIB de 31,7% no segundo trimestre.
“Essa mudança reflete nossa apreciação dos benefícios de um mercado de trabalho forte, especialmente para muitas comunidades de baixa e moderada renda”, disse Powell.
Essa mudança de política, que já foi sugerida em alguns comunicados, representa uma modificação significativa, uma vez que historicamente a inflação tem sido percebida como um vilão que precisa ser extinto.
O objetivo desta mudança de estratégia é corrigir as “deficiências” na concretização de um dos objetivos do Fed, que é o pleno emprego, e é o reconhecimento de que um mercado de trabalho dinâmico não implica necessariamente em aumento de preços.
Durante anos, a inflação nos Estados Unidos foi ancorada abaixo de 2%, disse Powell em seu discurso na reunião anual de política monetária de Jackson Hole, observando que agora a meta é “atingir uma inflação média de 2% ao longo do tempo”, mas especificou que isso não será vinculado a uma “fórmula matemática específica”.
Powell também observou que a inflação persistentemente abaixo da meta de 2% é motivo de “preocupação”.
– Desemprego alto durante anos –
Powell disse acreditar que a economia continua forte, mas alertou que os atuais níveis de desemprego podem persistir “por alguns anos”.
“Ainda existe uma economia saudável, exceto nas áreas que foram diretamente afetadas pela Covid”, disse Powell em um fórum da conferência.
Milhões de trabalhadores nos setores de turismo, hotelaria, restauração e outros serviços foram os mais atingidos pela crise, projetando desemprego “relativamente alto” por “alguns anos”.
Dez semanas antes das eleições presidenciais, o país sofre um impacto significativo com a pandemia e está à beira de ultrapassar 180.000 mortes por coronavírus.
Estratégias para conter infecções atingiram fortemente o mercado de trabalho e as estatísticas desta quinta-feira mostram que na semana que terminou em 22 de agosto houve um milhão de novos pedidos de seguro-desemprego, o que significa que as dispensas continuam.