31/03/2023 - 14:38
(Reuters) – As autoridades do Federal Reserve podem encontrar algum conforto em dados divulgados nesta sexta-feira, que mostraram arrefecimento de um indicador importante da inflação em fevereiro, mas não está claro se isso marcará progresso suficiente para o banco central dos Estados Unidos encerrar sua campanha de aperto.
O Departamento de Comércio dos EUA informou que o índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) subiu 5,0% em fevereiro em relação a um ano antes, abaixo do aumento de 5,3% de janeiro. Uma medida do núcleo da inflação –vista como um melhor indicador de futuros aumentos de preços– ficou um pouco abaixo do esperado, em 4,6%.
Mas com o Fed tentando chegar a uma inflação anual de 2%, as autoridades provavelmente ficarão com receio de declarar vitória cedo demais.
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“Ainda é cedo para avaliar se realmente chegamos tão longe quanto precisamos”, disse a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, em entrevista à Bloomberg Television nesta sexta-feira.
Potencialmente preocupante para os formuladores de política monetária do banco central pode ser a pressão contínua na inflação de serviços, excluindo habitação, uma medida que o chair do Fed, Jerome Powell, disse estar observando com atenção.
Contratos futuros vinculados à taxa básica de juros do Fed implicavam uma chance um pouco acima de 50% de o banco central manter a política monetária inalterada em sua reunião de 2 a 3 de maio, revertendo apostas anteriores de que era mais provável um aumento de 0,25 ponto percentual nos custos dos empréstimos, para a faixa de 5,00% a 5,25%.
“Ainda é cedo para avaliar se realmente chegamos tão longe quanto precisamos”, disse a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, em entrevista à Bloomberg Television
Operadores também estavam apostando mais fortemente que o Fed começará a cortar juros já em julho, com a taxa básica devendo atingir a faixa de 4,25% a 4,50% até o final deste ano, com base nos futuros.
As autoridades do Fed no início deste mês sinalizaram que a maioria espera mais um aumento de 0,25 ponto percentual este ano e, ao contrário das expectativas do mercado, eles não planejam nenhum corte de juros até 2024.
Elas terão muito mais dados econômicos para avaliar na contagem regressiva para a próxima reunião de política monetária, incluindo uma leitura mensal sobre o mercado de trabalho na próxima semana e mais dados sobre a inflação a serem divulgados no final de abril.
Ainda mais importante será a leitura do estresse no setor bancário após o colapso do Silicon Valley Bank e do Signature Bank no início deste mês, incluindo sobre se o aperto nas condições de crédito está diminuindo a demanda o suficiente para que novos aumentos de juros sejam desnecessários.
Política monetária conservadora
Apesar de a última reunião do Fed ter animado investidores por conta da perspectiva de uma pausa no aumento dos juros básicos, autoridades do BC norte-americano já deixaram claro que a instituição deve elevar os juros pelo menos mais uma vez, podendo deixá-los inalterados pelo resto do ano, como afirmou a presidente do órgão em Boston, Susan Collins.
A posição, no entanto, não é bem vista por parte do mercado, já que indicadores como o índice PCE apontam que a inflação subiu 0,3% em fevereiro no país, em clara desaceleração ante os 0,6% registrados em janeiro e muito perto de zero. Nos 12 meses até fevereiro, o índice inflacionário tem alta de 5%, após 5,3% em janeiro, demonstrando uma tendência de queda.
(Por Ann Saphir e Howard Schneider)