29/01/2010 - 13:32
QUANDO AS NUVENS escuras surgiram no horizonte do mercado financeiro, os gestores dos long & short comemoraram sua vantagem competitiva. Sem a necessidade de acertar um cenário para gerar retorno para o investidor, eles podem montar diversas estratégias, como encontrar valor em diferentes empresas de um mesmo setor ou enxergar um ganho na diferença entre as ações ordinárias e preferenciais de uma companhia. Entretanto, quando o céu desabou e o terreno ficou escorregadio, vários long & short saíram rodando. A derrapagem foi provocada pela má condução dos pilotos. Afinal, a maioria dos gestores utilizava a estratégia de apostar na valorização de um papel específico ou tinha posições concentradas em ações de pouca liquidez. Foi o suficiente para provocar terríveis avarias. Agora que o sol começa a secar a lama, os melhores gestores do ranking da DINHEIRO já saíram na frente (veja tabela abaixo).
Quem seguiu a prancheta e colocou a arbitragem na condução se deu bem. O Pátria Equity Long & Short FI Multimercado está distante da briga pela alta ou queda da bolsa. A equipe de gestão olha os ganhos em operações com setores e empresas. ?O fundo nunca está só comprado ou só vendido. Ele é neutro e busca a diferenciação de valor em operações com empresas como TAM e Gol, CSN e Gerdau?, diz Thierry Eyll, sócio da área de Capital Management do Pátria Investimentos.
?Temos várias operações sem que nenhuma seja a responsável pela performance isolada?, completa Eyll. Já o Unibanco Arbitragem RV FIC Multimercado, agora gerido pela equipe do Itaú Unibanco, obteve o melhor risco-retorno na categoria até R$ 10 mil de aplicação inicial. E ainda ficou com o melhor retorno absoluto entre todos os long & short (ver tabela). Para alcançar esse resultado, o fundo teve sua estratégia alterada três vezes em 12 meses. Foi do conservadorismo após a conquista do grau de investimento pelo Brasil, em maio do ano passado, à agressividade em dezembro, após a retomada da bolsa. É bom lembrar que o Ibovespa está em alta de 50% desde o piso atingido em outubro. ?Preparamos a carteira para a recuperação do mercado, sobretudo com ações ligadas a commodities, telefonia e infraestrutura?, afirma André Castro, gestor do Itaú Unibanco. Essa foi a fase mais agressiva. ?A performance vem com a flexibilidade na gestão e as rápidas mudanças de estratégia?, conta Castro.
Apesar dos ganhos direcionais nesse primeiro trimestre, o Itaú Unibanco já tirou o pé do acelerador. A recuperação da economia interna já está no preço de boa parte das ações para o segundo semestre. ?A estratégia mais adequada é ser conservador?, diz Castro. Essa é a previsão de que novas tempestades podem surgir. E com ela, a categoria vai ter que se controlar para evitar novas derrapadas.