01/04/2017 - 20:36
Cerca de 1500 artesãos de 17 estados expõem seus trabalhos no 9ª Salão do Artesanato, sediado em Brasília. A feira começou na quarta-feira (29) e representa um ganho para as vendas de artesãos.
Para Francisca Gomes dos Santos, que viajou de Cuiabá a Brasília para vender bonecos de barro, a feira representa um ganho em relação à venda média. “É ótimo, as vendas sempre aumentam nas feiras cerca de 50%”, afirma a artesã, que complementa a renda de aposentada com o artesanato.
Além do aumento de vendas, a rendeira Joelma Freitas, 40 anos, moradora de Nísia Floresta (RN), também elogiou a oportunidade de conhecer outros artesãos e ver seu trabalho reconhecido por pessoas diferentes. “Sou artesã desde criança, já ensinei minhas filhas e é primeira vez que vejo meus produtos valorizados em outro estado”, comemora.
Segundo a organização do evento, o principal objetivo é justamente dar visibilidade ao trabalho dos artistas. “O maior desafio do artesão é exatamente ter a vitrine pra expor. É um trabalho que geralmente é feito dentro de casa, por famílias ou em comunidades, tem vários grupos, associações de artesão, ribeirinhas e tudo o mais. E a grande dificuldade deles é sempre essa, quando eu deixo meu produto exposto numa vitrine? Como que eu chego no comprador?”, diz Leda Alves, diretora da empresa promotora do evento.
Os organizadores esperam que a feira, realizada em cinco dias, movimente pelo menos RS 3 milhões, valor alcançado na última edição. “A gente não quis fazer uma projeção maior, porque entendemos que o momento atual é de crise [econômica]”, explica Leda.
O Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), vinculado à Secretaria Especial da Micro e Pequena Empresa, do governo federal, apoia a realização da feira em Brasília. As edições de São Paulo, Belo Horizonte e Recife também recebem anualmente o apoio federal. Como outras medidas para incrementar o setor de artesanato, o governo estuda ampliar o acesso ao crédito e à qualificação para os profissionais, por meio de um plano que está em elaboração.
Valor imaterial
Alagoas é o estado homenageado deste ano pelo Salão. E quem expõe a diversidade dos produtos alagoanos no estande de destaque da festa é Vânia Oliveira, que trabalha há 35 anos como artesã. Otimista, Vânia não acredita que o setor seja afetado pela crise e ressalta que o verdadeiro valor da arte criada pelas mãos é o sentimento do artesão.
“Quando você compra um artesanato, você não está comprando apenas aquela peça, você está comprando um pouquinho do carinho, do amor que o artesão coloca naquele trabalho. Isso é o valor imaterial, o valor sentimental, porque toda peça dessa é feita com muito carinho, com muita dedicação. O financeiro é bom, mas o amor que a gente tem pela arte que a gente faz é ainda maior”, declara Vânia.
Além das tradicionais fibras de bananeira de Maragogi e das esculturas de Boca da Mata, o estande alagoano destaca produtos criados por detentas, que veem no artesanato uma possibilidade de ressocialização. “Este ano a gente trouxe uma novidade, a Fábrica de Esperança, com as mulheres da Penitenciária Feminina de Alagoas, é um trabalho que o governo do estado vem fazendo pra gerar renda e mostrar a elas a grande oportunidade que elas vão ter quando sair de lá. Elas já saem de lá com a carteirinha do artesão, com uma profissão”, afirma Vânia.