12/11/2008 - 8:00
ROBERTO SETUBAL, DO ITAÚ, E PEDRO MOREIRA SALLES, DO UNIBANCO: o primeiro será o CEO e o segundo ficará à frente do conselho de administração
ÀS 15H DO DOMINGO 2, O jato Legacy do Unibanco pousou na pista do aeroporto de Congonhas, em São Paulo. O avião vinha de Brasília e trazia os banqueiros Roberto Setubal, presidente do Itaú, e Pedro Moreira Salles, presidente do Unibanco, que, de lá, seguiram para o ?hotel?. Foi esse o codinome que eles usaram, durante mais de 15 meses, para se referir à mansão do executivo Israel Vainboim, braço direito da família Moreira Salles, no bairro do Morumbi. Quando chegaram à residência, mais de 40 pessoas os aguardavam. Estavam lá irmãos, esposas, filhos, primos e alguns executivos mais próximos. Também esperavam por eles um pequeno contrato de 14 páginas, algumas garrafas de champanhe e uma bandeja de bem-casados ? cortesia do ?hotel?. Feitas as assinaturas, Setubal pediu a palavra. ?Em algum lugar lá em cima, nossos pais devem estar assistindo a este casamento?, disse ele, lembrando dois banqueiros que fizeram história no Brasil: Olavo Egydio Setubal, pelo Itaú, e Walther Moreira Salles, pelo Unibanco. Pedro, num discurso emocionado, também recordou o pai. Em poucos instantes, as lágrimas escorriam pelos rostos de todos. Mas, como se tratava de um casamento, o maior já visto na cena empresarial brasileira, Israel Vainboim, o anfitrião da festa, logo tratou de estourar o champanhe e distribuir os docinhos. Naquele momento, quando Roberto e Pedro foram flagrados mordendo seus bemcasados, nas imagens capturadas pela câmera embutida no iPhone de Alfredo Setubal, irmão de Roberto e vicepresidente do Itaú, nascia o Itaú Unibanco, maior banco do Hemisfério Sul, com R$ 575 bilhões em ativos.
Essa ?fusão de meio trilhão?, a maior de todos os tempos no Brasil, representa bem mais do que a simples união de duas famílias de sucesso. É uma demonstração inequívoca da solidez dos bancos brasileiros, num momento de crise aguda no sistema financeiro internacional. Nos últimos meses, o que se viu em várias partes do mundo desenvolvido foram governos socorrendo seus bancos. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi nos fins de semana que as autoridades monetárias decidiram o destino de casas centenárias como Bear Stearns, Merrill Lynch e Wachovia. Na Europa, instituições tradicionais, como Lloyd?s, Barclay?s, BNP e Societé Génerale também foram capitalizadas pelos governos. No Brasil, ao contrário, a resposta à crise veio do setor privado. Dois bancos sólidos, Itaú e Unibanco, com retornos sobre o patrimônio da ordem de 25% ao ano, uniram- se para enfrentar a concorrência, em escala mundial. ?Várias empresas industriais brasileiras já criaram plataformas globais?, disse à DINHEIRO Pedro Moreira Salles (leia a entrevista dos dois banqueiros à página 76). ?Era a hora de acontecer o mesmo no sistema financeiro nacional.?
A construção dessa ?AmBev financeira? foi resultado de um processo iniciado em abril do ano passado ? exatamente quando ficou claro que o espanhol Santander participaria do consórcio que pretendia arrematar o holandês ABN-Amro, ao lado do belga Fortis e do britânico Royal Bank of Scotland. Já se sabia que o ABN seria fatiado em três partes e que ao Santander interessava apenas a sua fração brasileira: o Banco Real. A partir desse instante, Pedro Moreira Salles e Roberto Setubal começaram a conversar, num percurso reconstituído, passo a passo, por DINHEIRO.
?PRECISO DO SEU HOTEL?
Moreira Salles e Setubal moram no mesmo bairro, Vila Nova Conceição, em São Paulo, e podem avistar o apartamento do outro da própria varanda. Separados apenas pela bela e arborizada praça Pereira Coutinho, os dois mantinham um convívio respeitoso e protocolar, apesar da proximidade. Encontravam-se vez por outra nas reuniões da Febraban e se viam como concorrentes. Quando a ameaça espanhola ficou evidente, as coisas começaram a mudar e Moreira Salles decidiu convidar Setubal para um encontro. Era agosto do ano passado. O presidente do Itaú cruzou a praça e os dois jantaram a sós. ?Vai haver no Brasil uma coisa nova, que nós nunca enfrentamos?, disse o CEO do Unibanco. ?Teremos aqui um banco com escala global e do nosso tamanho no mercado brasileiro?. Setubal concordou com o diagnóstico. Ficou acertado que os dois continuariam conversando.
Conversas de banqueiros fora do protocolo nunca passam despercebidas. É natural que dêem origem a boatos e sejam interpretadas como um sinal de que alguém está comprando alguém. Pior: alguns concorrentes de peso são vizinhos dos dois e de vez em quando se encontram no elevador. Decidiu-se então que as reuniões seguintes ocorreriam num local reservado, apelidado por Setubal e Moreira Salles como ?o hotel?. Era a casa de Israel Vainboim, ex-presidente do Unibanco, no Morumbi, cedida para reuniões nos fins de semana. Vainboim, que viaja com freqüência, nunca estava lá. Era apenas avisado com alguma antecedência por Moreira Salles, pessoalmente ou por email, numa mensagem simples e direta: ?Preciso do seu hotel.? Reuniões desse tipo ocorreram entre 10 e 15 vezes. A cada uma delas, um novo avanço na estrutura da operação. Nas cerca de 40 horas de conversas, discutiram muito sobre a cultura de cada instituição e o que queriam do novo banco. Moreira Salles anotava tudo numa folha de papel, trazida a cada reunião. Setubal o convenceu de que era possível compartilhar o controle e decidir tudo de forma consensual ? era assim no Itaú, com os primos Setubal e Vilella. Moreira Salles percebeu, nesse processo, que perdia um concorrente. ?Ganhei um amigo?, disse.
O AVAL DO DR. OLAVO
Embora o Itaú seja duas vezes maior do que o Unibanco, uma das condições para que as conversas avançassem era compartilhar o controle da nova instituição. Setubal levou a proposta a seus irmãos e primos ? entre eles a sócia Milú Villela ? e, aos poucos, obteve a aprovação de todos. Ele argumentava que, ao longo de sua história, o Itaú cresceu justamente porque foi capaz de dividir o controle de forma harmoniosa. Um momento decisivo, porém, ocorreu em junho deste ano. Foi quando seu pai, Olavo Setubal, que viria a falecer dois meses depois, deu seu aval irrestrito à operação. ?Se o negócio sair, meus filhos, eu abro mão da presidência do conselho do Itaú em favor do Pedro?, disse ele, num encontro familiar. Naquele instante, todos perceberam que o único desfecho possível era a fusão.
?CHAME O SEU ADVOGADO?
À medida que as conversas avançavam, Moreira Salles e Setubal começavam a discutir as estratégias relacionadas ao futuro. Já avaliavam até as áreas em que o Itaú era mais forte e aquelas em que o Unibanco era mais competitivo. Desse entendimento, viriam as sinergias futuras, que o mercado já estima em mais de R$ 10 bilhões com a fusão. Foi no fim de outubro, mais precisamente na terça-feira 28, que os dois decidiram acelerar os ponteiros. ?Vamos chamar então os advogados?, disse Moreira Salles. ?Basta o seu?, respondeu Setubal. A confiança entre os dois já era tão grande que o maior negócio de todos os tempos no Brasil teve seu contrato redigido apenas pelo representante de uma das partes. Era Gabriel Jorge Ferreira, do Unibanco, ex-presidente da Febraban. Para finalizar a reestruturação societária e as participações, Setubal chamou Henry Penchas, executivo que costurou todas as aquisições do Itaú nos últimos anos do ponto de vista societário, fiscal e contábil.
ALÔ, MEIRELLES
Na sexta-feira 31 de outubro, já à tardinha, Setubal telefonou para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles. ?Presidente, preciso lhe falar com uma certa urgência?, disse o CEO do Itaú, sem adiantar o assunto. Não se sabe se Meirelles, que já costurou várias medidas provisórias para destravar o crédito no País em meio à crise internacional, ficou apreensivo ou não. Ele apenas respondeu: ?Estarei em Brasília o aguardando.? Acertou-se então que a reunião ocorreria na manhã do domingo 2, na mansão oficial do Banco Central, no Lago Sul.
Até aquele instante, já havia um entendimento entre as partes, mas o negócio não poderia ir adiante sem a anuência do Banco Central. Nada estava assinado. Por isso, Setubal e Moreira Salles decidiram manter a discrição. O primeiro alugou um jato particular. O segundo voou no Legacy do Unibanco. Moreira Salles foi o primeiro a pousar em Brasília e esperou durante 30 minutos a chegada do futuro sócio. Do aeroporto, eles seguiram juntos para a casa de Meirelles, que aguardava apenas o presidente do Itaú. Meirelles, ao ver Moreira Salles, percebeu o negócio na hora. ?O que os traz aqui??, perguntou. ?Viemos anunciar a fusão entre Itaú e Unibanco?, respondeu Moreira Salles. Meirelles abriu um largo sorriso, disse que a operação era boa não apenas para o sistema financeiro como também para a própria economia brasileira. Tanto que, na manhã da terça-feira 4, ele foi pessoalmente ao Ministério da Justiça argumentar com Tarso Genro que a operação será benéfica para a concorrência. Meirelles pediu que o ministro assegurasse que a Secretaria de Direito Econômico não imponha nenhum obstáculo à transação. ?A fusão não prejudica a concorrência e é benéfica ao País?, afirmou Meirelles. ?Concordo?, respondeu Genro.
?TEMOS O SINAL VERDE?
Da residência oficial de Henrique Meirelles, os dois novos sócios da praça seguiram para a mansão de relações institucionais do Unibanco, em Brasília. Lá, Moreira Salles e Setubal tiveram um almoço frugal. Arroz, feijão, bifinho e nada de vinho. Antes, ligaram para o quartel-general, a casa de Israel Vainboim, para comunicar a boa nova. ?Temos o sinal verde do Banco Central, podem tocar os contratos?, disseram. Ainda de Brasília, eles agendaram encontros com o presidente Lula e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em São Paulo. O próprio Meirelles havia passado os telefones de contato.
ENFIM, BEM-CASADOS
Essa parte da história já é conhecida. Setubal e Moreira Salles pousaram em São Paulo e seguiram para o hotel, onde brindaram o casamento com champanhe e docinhos. A novidade é que eles, já como sócios, voltaram no mesmo avião ? o Legacy do Unibanco. ?Economizamos uma graninha do Itaú?, brinca Moreira Salles. ?Economizamos uma graninha nossa?, corrige Setubal. Os dois já estão tão sintonizados que prometem até adotar a prática do transporte solidário para o trabalho. Afinal, além de sócios, são vizinhos. ?Quando meu carro estiver no rodízio, vou de carona com ele?, brinca o presidente do Unibanco. No ?hotel?, irmãos e primos aguardavam em clima de festa. A esposa de Moreira Salles, Marisa, levou o filho caçula, Antônio. O irmão, João, está em Nova York, onde estuda economia na Universidade Columbia. Milú Villela estava com os filhos Ricardo e Rodolfo e os sobrinhos Alfredo e Ana Lúcia. Olavo Setubal Jr. e o irmão Alfredo ? que virou o fotógrafo oficial ? também foram celebrar a união. Do Unibanco, estavam apenas o conselheiro Pedro Bodin e Gabriel Jorge Ferreira. Da Itaúsa, o conselheiro Henry Penchas. O irmão de Pedro, o cineasta Walter Salles, também nos Estados Unidos, mandou procuração. Sorrisos e lágrimas selaram as núpcias. ?Foi uma semana que valeu por uma vida?, comemorou Setubal. Brincalhão, Moreira Salles repetia o slogan do ex-concorrente: ?O Itaú foi feito para mim.?
O PEDIDO DE LULA
Depois da troca de alianças, os dois banqueiros seguiram para o saguão de autoridades do aeroporto de Congonhas a fim de encontrar o presidente Lula. Às 18h, eles entregaram ao presidente o primeiro documento que assinaram conjuntamente. Era uma carta expondo os benefícios da fusão. Lula elogiou a operação, disse que o Brasil ?precisa de empresários otimistas como os dois?, mas fez uma cobrança. ?E o crédito? Agora vocês vão emprestar mais ou não??, perguntou. Moreira Salles explicou ao presidente que sim, uma vez que o novo Itaú Unibanco terá uma base de capital robusta, que lhe permitirá ampliar a carteira de crédito.
CADA UM COM SEU TIME
Ainda no domingo à noite, era preciso reunir os executivos dos dois bancos. Setubal ofereceu um jantar em sua casa para os diretores do Itaú e Moreira Salles fez o mesmo com o time do Unibanco na sua residência. Como Guido Mantega teve de adiar o encontro por uma hora, nenhum dos dois pôde ir à reunião do ministro da Fazenda. Enviaram como representantes os irmãos Alfredo Setubal e Fernando Moreira Salles. Concentrados com suas equipes, Pedro e Roberto começaram a preparar o fato relevante, que seria publicado no dia seguinte, e também a entrevista coletiva. Tudo foi feito com tamanho sigilo que não houve qualquer desconfiança em outro ponto da cidade, onde o presidente do Santander e da Febraban, Fabio Barbosa, reunia a elite financeira nacional para um jantar em sua casa, aproveitando a vinda do banqueiro espanhol Emilio Botín, controlador do Santander, para assistir ao GP Brasil de F-1. Dois dias antes, ele afirmara que seu banco seria o maior do País, mas cresceria de forma orgânica. Antônio Matias, vice-presidente do Itaú, e Vainboim foram ao jantar, mas não disseram palavra sobre a surpresa que seria anunciada no dia seguinte. Elegantes, os novos sócios ligaram antes para o presidente do conselho do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, para dar a notícia.
?UFA, NADA VAZOU?
Na segunda-feira 3, Roberto Setubal acordou às 6h e mandou trazer todos os jornais. Leu os cadernos de economia, as principais colunas de cabo a rabo e, enfim, respirou aliviado. ?Ufa, nada vazou.? Pedro Moreira Salles fez o mesmo. Às 9h, as equipes de comunicação dos dois bancos começaram a distribuir a notícia econômica de maior impacto dos últimos anos: o Itaú e o Unibanco estavam se unindo, criando uma das mais sólidas instituições financeiras do mundo.
Às 16h30, eles chegaram ao auditório do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no Parque do Ibirapuera, para a entrevista coletiva. Presidido por Milú Villela, o MAM é uma espécie de reduto da família, o que dava outro tom simbólico à união dos clãs de banqueiros. ?Foi o próprio Pedro que escolheu o local?, afirmou Milú à DINHEIRO. De onde estavam, transbordando de alegria, Morerira Salles e Setubal tinham a visão de dezenas de jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas. No primeiro pedido dos fotógrafos para uma foto em conjunto, os dois logo se abraçaram. Na platéia, emocionados, estavam Israel Vainboim, o dono do ?hotel?, Joaquim Castro Neto, ex-presidente do Unibanco, e Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda e presidente do conselho do Unibanco. Por lá, também passaram Milú Villela e Alfredo Setubal, além de outros diretores do Itaú. Do lado familiar, destacavam-se Marisa e Antônio Moreira Salles, esposa e filho do presidente do Itaú, que pareciam saborear a vitória de Pedro. Ao lado de Antônio, Rodolfo Villela saboreava o momento. Num determinado momento, ao ser indagado sobre o modelo de governança da nova instituição financeira, que dá a gestão ao Itaú e o conselho ao Unibanco, Pedro arrancou aplausos ao dizer: ?Levamos 84 anos para abrir mil agências. Como o Itaú foi feito para mim, está trazendo três mil de uma vez. É um grande short cut (atalho).? Na verdade, tanto o Unibanco quanto o Itaú pareciam ter sido feitos um para o outro.
Passada a emoção do casamento, ficam também as lições do negócio. Para os Moreira Salles, a operação coroa o eficiente trabalho conduzido por Pedro ao longo dos últimos dez anos. Em 2004, quando ele assumiu a presidência do banco, o Unibanco apresentava um retorno sobre o patrimônio muito inferior ao dos dois gigantes nacionais ? o Itaú e o Bradesco. A diferença era de 18 pontos percentuais. No último balanço, referente aos primeiros nove meses de 2008, a diferença caiu para apenas dois pontos. ?O Itaú era nosso modelo de gestão e estávamos chegando perto?, diz Moreira Salles. Ao longo desse tempo, o presidente do Unibanco também teve de desmentir vários boatos sobre a venda iminente da instituição, sempre vista como a noiva disponível do mercado financeiro. Mas, desta vez, ele surpreendeu a todos ao se tornar co-proprietário de um banco muito maior ? na Itaú Unibanco Holding, que controlará o megabanco, os Moreira Salles terão 50% dos votos. E a operação também fez com que sua família tivesse um ganho patrimonial estimado em R$ 4 bilhões ? isso ocorreu porque o prêmio de controle do Unibanco ficou concentrado nas ações ON, pertencentes a eles.
Do lado das famílias Setubal e Villela, que controlam a Itaúsa, dona dos outros 50% da Itaú Unibanco Holding, ficou também uma lição de desprendimento. Se antes havia apenas duas famílias no comando, agora serão três ? e todos com o mesmo poder, ainda que as participações acionárias sejam distintas. Tanto os acionistas do Itaú quanto os do Unibanco reagiram bem à operação, puxando altas expressivas dos papéis no dia do anúncio. ?Esse é aquele negócio que prova que dois mais dois são cinco?, resumiu Armínio Fraga, da Gávea Investimentos. Nesse novo desenho, as três famílias também definiram um modelo de resolução de conflitos, que já era usado na Itaúsa. ?Nós concordamos em concordar?, diz Roberto Setubal. Isso significa que qualquer impasse só será solucionado com a anuência de todas as partes. Feito o anúncio, Pedro Moreira Salles foi ao Itaú, no Jabaquara, e Roberto Setubal ao Unibanco, em Pinheiros, para falar pessoalmente aos principais executivos. Os pares das duas instituições já começaram a conversar sobre a integração depois da fusão, que terá de ser aprovada formalmente pelo BC. Bem-humorado, Moreira Salles tem dito que a única dificuldade será entrosar os cariocas do Unibanco com os paulistas do Itaú. E resume seu estado de espírito numa única frase. ?Esse é o negócio com o qual eu sempre sonhei.?