A Fenabrave, associação das concessionárias de automóveis, baseou suas previsões de aceleração das vendas de veículos na tendência de melhora no crédito, com a queda dos juros e da inadimplência contribuindo para que as taxas fiquem mais baixas ao consumidor.

Nesta quinta-feira, 4, a entidade projetou crescimento de 12% das vendas de veículos em 2024, depois da alta de 9,7% registrada no ano passado na soma de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. A Anfavea, que representa as montadoras, apresentou no mês passado previsões mais conservadoras, projetando alta de 7% do mercado em 2024.

Apesar da perspectiva de menor crescimento da economia, o presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, destacou que o setor espera contar com mais crédito este ano.

“Acho que será um ano melhor do que 2023, com menos turbulência. A Fenabrave esta otimista e espero, no meio do ano, rever isso as previsões para cima”, declarou o executivo durante apresentação dos prognósticos à imprensa.

Segundo a economista Tereza Fernandez, responsável por traçar o cenário macroeconômico que fundamenta as previsões da Fenabrave, a inadimplência começou a desacelerar, permitindo uma menor insegurança dos bancos nas concessões de crédito. Assim, pontuou, o crédito começa a subir na margem.

“Se não tiver susto maior, a tendência é de crédito crescente, e não cadente em 2024. O setor automotivo depende de crédito e vamos ter crédito”, afirmou Tereza. “O cenário no Brasil não é explosivo, mas também não é ruim”, acrescentou.

Ela ponderou, no entanto, que, em meio ao consenso do mercado de que o governo não vai entregar a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024, as incertezas fiscais ainda representam o grande risco à trajetória de queda dos juros.

O otimismo da Fenabrave leva em conta ainda uma safra robusta no campo, com maior renda dos produtores, o que favorece as vendas de caminhões, segmento no qual a entidade prevê crescimento de 10% em 2024.

No mercado de ônibus, onde a expectativa é de aumento de 20% das vendas, a avaliação é de que o segmento deve ser beneficiado pela migração de passageiros para as viagens por rodovias, dado o aumento nos preços das passagens aéreas. Fora isso, as revendas aguardam um aumento nos pedidos de ônibus escolares pelo governo.

Já no mercado de motos, o crescimento de 16% previsto pela Fenabrave considera a normalização da produção das montadoras no polo industrial de Manaus (AM), onde houve, no fim do ano passado, dificuldades de recebimento de peças e escoamento da produção por causa da seca severa que impediu a navegação de navios cargueiros pelo rio Amazonas e afluentes.