21/11/2021 - 17:01
O excesso de chuva e as temperaturas mais baixas devem se estender até o fim do mês, com possibilidade de geada no Sul. A primavera tão chuvosa e até mesmo fria em algumas regiões tem explicação: o Brasil está sob a influência de La Niña desde outubro. O fenômeno moderado este ano terá impacto no clima do País pelo menos até o fim do verão, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), mas há 50% de chance de que se estenda até o outono.
Enquanto o El Niño é caracterizado pela elevação das temperaturas da superfície das águas do Oceano Pacífico nas zonas equatoriais, o La Niña é o oposto. Trata-se de um resfriamento das águas em pelo menos 0,5ºC. Em geral, o fenômeno provoca o aumento das chuvas no Norte e no Nordeste e secas na Região Sul, com comportamento imprevisível para o Sudeste.
Neste ano, essa região foi mais afetada por chuvas do que por estiagens, como aconteceu no ano passado, quando também registramos La Niña, só que com mais intensidade. Por causa disso, o País experimentou uma estiagem intensa que afetou lavouras, secou rios e teve um impacto severo na geração de energia hidrelétrica.
“A marca típica da La Niña no Brasil é a redução das chuvas no Sul e o aumento das precipitações no Norte e no Nordeste”, explicou o pesquisador Giovanni Dolif, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). “Dependendo do ano, essa área mais seca se estende até o Sudeste, o Centro-Oeste. Neste ano, a área de chuva foi ampliada.”
Segundo especialistas, as chuvas desta primavera não são suficientes para reverter o déficit nos principais reservatórios de água do País. Serão necessários vários verões chuvosos para resolver o problema, que já consideraria o impacto das mudanças climáticas.
“A seca dos reservatórios não é fruto apenas de um verão e um inverno com pouca chuva”, afirmou Dolif, se referindo ao que ocorreu no ano passado. “Estudos do Cemaden mostram que nas últimas duas décadas tivemos um comportamento de chuvas diferente do registrado em anos anteriores, compatível com um planeta mais aquecido.”
O meteorologista Marcelo Seluchi, também do Cemaden, não atribui ao fenômeno La Niña a primavera mais chuvosa. Mas concorda com o colega sobre a questão dos reservatórios. “Precisamos de uma sequência de anos chuvosos para recuperar os reservatórios.”
ÚNICO. Embora La Niña siga alguns padrões, isso não significa que ele se manifeste exatamente da mesma forma. Cada evento é único. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os efeitos do fenômeno neste ano, no Brasil, deverão ser sentidos de forma moderada durante a primavera.
Para Marcelo Seluchi, as baixas temperaturas registradas nesta primavera estão relacionadas ao La Niña. Celso Oliveira, do Climatempo, concorda com o colega. Segundo ele, ainda veremos dias frios no Sul até o fim de novembro, inclusive com possibilidade de geadas nas regiões mais altas de Santa Catarina.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.