22/12/2015 - 0:00
Na primeira quinzena de outubro, o empresário paulista José Luis Cutrale, CEO e principal acionista da Cutrale, que divide com a Citrosuco, do grupo Votorantim, a liderança da produção nacional de suco de laranja, não escondia sua satisfação com a escalada do dólar, que à época chegava à casa dos R$ 4. “É uma beleza”, afirmou, comemorando a consolidação da reversão da crise enfrentada pelo setor, em 2012 e 2013. “O dólar a R$ 1,60 fechou as portas para o comércio externo brasileiro.”
De lá para cá, o panorama só fez melhorar. Segundo a Associação Nacional de Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), a demanda mundial, que havia caído de 2,4 milhões de toneladas, nos anos anteriores, para 2,1 milhões de toneladas, na safra 2015/2016, parou de encolher, revertendo a tendência de baixa. Sozinho, o Brasil deve exportar acima de 1,1 milhão de toneladas, puxada pelo mercado europeu.
De acordo com o diretor executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, além da apreciação do câmbio, a tendência de recuperação está sendo facilitada por fatores como as dificuldades na produção de sucos concorrentes, como o de abacaxi e maçã, no mercado mundial, e a redução dos estoques internacionais do suco de laranja, o que deverá influir na formação de preços, hoje em torno de US$ 1,7 mil por tonelada, contra US$ 2,4 mil registrados no início da década.“Em dinheiro, as exportações devem superar os US$ 2 bilhões”, diz Netto.
Além de beneficiar a indústria de sucos, o novo quadro está fazendo a festa nos laranjais, que devem entregar 286 milhões de caixas de 40,8 quilos, neste ano. Graças à desvalorização cambial, os citricultores, que têm seus contratos fixados na moeda americana (US$ 4,80 por caixa) estão obtendo um aumento de 40% em sua remuneração. Em 2014, com o dólar a R$ 2,8, os produtores recebiam uma renda R$ 13,44 por unidade. Neste ano, com a cotação na casa dos R$ 3,70, cada caixa rendeu R$ 17,76. “Com o custo de produção a R$ 12, no ano passado, o rendimento liquido era de menos de R$ 1,5 por caixa”, diz Netto. “Neste ano, sobra mais de R$ 5 de lucro.”