09/02/2021 - 22:09
Pesquisadores da Universidade de Bolonha, na Itália, encontraram vestígios de fezes de homens de neandertal em uma escarpa rochosa, na cidade Valência, na Espanha, que podem dar pistas importantes sobre a evolução do intestino humano.
Nas escavações, os estudiosos encontraram os vestígios de excrementos humanos mais antigos já analisados e neles, mais de 200 microrganismos bacterianos, que foram extraídos por uma equipe interdisciplinar de arqueólogos, microbiologistas e antropólogos.
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O que mais chamou atenção dos pesquisadores foi uma grande quantidade de micróbios residentes nos intestinos dos nossos antepassados que continuam povoando os nossos intestinos, o pode indicar que os microrganismos presentes nas entranhas dos hominídeos evoluíram em conjunto com as espécies em que habitam.
Segundo Marco Candela, microbiologista da Universidade de Bolonha e coautor do artigo, que foi publicado na revista científica Nature, o objetivo da pesquisa era “ver quais microbiomas estão coevoluindo com a linhagem Homo no tempo evolutivo”, além de traçar quais micróbios os humanos modernos compartilham com seus antepassados.
De acordo com Candela, ter uma reconstrução primitiva do intestino humano tem a função de contextualizar a aparência do órgão moderno, além de separar as bactérias modernas de bactérias extintas, além dos chamado “velhos amigos”, que são microrganismos com poder substancial de permanência nos intestinos dos mamíferos. Esta relação pode ajudar a determinar como era a vida dos humanos durante centenas de milhares de anos.
“A questão é que identificamos alguns microrganismos que são compartilhados entre os humanos modernos e os neandertais”, disse Candela. “Isso significa que esses microrganismos habitam o intestino da linhagem humana desde antes da segregação das linhagens de neandertal e sapiens.”, completou.
De acordo com o professor, os micróbios de população que viviam de maneira tradicional e rural, tendem a ter intestinos mais parecidos entre si. Já os habitantes de ambientes urbanos têm uma maior individualidade nos tipos de bactéria presentes nos órgãos. “Cada um de nós é como uma ilha”, afirma.