A grande questão à frente para o setor da construção é se ele será capaz de engatar um novo ciclo de crescimento após a desaceleração que se aproxima, afirmou nesta terça-feira (18) a coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Ana Maria Castelo.

Para Castelo, porém, há possibilidade de que o afrouxamento monetário e o mercado de baixa renda voltando a ganhar protagonismo permitam esse movimento. Ela citou que nas sondagens de início de ano, havia mais pessimismo entre os empresários, mas que as avaliações voltaram a indicar uma melhora.

A coordenadora analisou que o setor teve um boom impulsionado pelo efeito dos juros em patamares historicamente baixos sobre o ciclo de negócios do mercado imobiliário. Com o gap entre lançar, vender e iniciar as obras, esse é o impulso que está sendo refletido desde meados do ano passado pela construção, acrescentou.

“Em 2023, a construção tem sido um grande gerador de emprego”, disse Castelo. Ela listou que o setor está com um ciclo de atividade bem aquecido e que ao longo deste ano ainda devemos ver o efeito de investimentos em infraestrutura das prefeituras, em função do ano eleitoral em 2024.

A preocupação, porém, está à frente, com a sustentação desse ciclo de negócios, ponderou. O impulso original dos juros baixos teve uma reversão forte após a elevação das taxas, o que levou no ano passado a quedas nas vendas e nos lançamentos, emendou. Castelo explicou que as obras hoje ainda refletem o ciclo anterior, mas que à frente devemos ver uma desaceleração.

A Infraestrutura, no entanto, pode mitigar esse efeito, disse. Além das obras de prefeituras, ela citou os leilões da construção e o relançamento do Minha Casa, Minha Vida.