A reforma do Índice Nacional de Custos da Construção (INCC), com a atualização das estruturas de ponderação, foi importante para adequar o índice às mudanças macroeconômicas e setoriais que ocorreram desde sua última alteração, em 2009, avaliou nesta terça-feira (18) a coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Ana Maria Castelo.

Entre esses movimentos, Castelo destacou a mudança no formato de gestão das obras. “As empresas passaram a ter menos mão de obra própria e a contratar mais serviços especializados”, disse ela em Webinar da FGV para explicar o novo INCC. “Esse é um processo importante que representa uma mudança estrutural e afeta o indicador.”

Outra alteração relevante, enumerou a coordenadora, foi na composição do mercado imobiliário, com ganho de protagonismo do segmento econômico após o lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida, em 2009. “Isso precisava ser refletido pelo índice porque a variação de custos dentro de uma habitação social ou econômica pode ser alterada dependendo da ponderação de itens que terão menor ou maior peso”, exemplificou. A introdução de novos materiais e de inovações tecnológicas também foi citada por Castelo, como o aumento do uso de materiais metálicos e de drywall.

O novo formato do INCC foi incorporado pela primeira vez na divulgação desta segunda-feira, 17, do IGP-DI de junho. A reforma do indicador começou a ser elaborada há mais de dois anos, de acordo com o economista do Ibre/FGV André Braz.

O economista explicou que houve contribuição direta de muitas empresas do setor, cedendo orçamentos analíticos, e indireta, com participação nas pesquisas de preço. O novo formato mantém a abrangência geográfica, com sete capitais do País, mas agora com diferentes padrões construtivos, disse Braz.

“Cada uma das cidades componentes terá um resultado médio encadeado a sua série histórica. Mas, além disso, será possível observar o resultado do índice nos padrões econômico, médio e alto. Isso é importante porque materiais, serviços e mão de obra têm preços diferentes a depender do padrão construtivo da obra.”

Braz também destacou que o novo modelo comporta mudanças que ocorreram na mão de obra – que têm peso importante para o INCC, representando cerca de 40% do índice. “Tradicionalmente olhávamos os acordos coletivos das categorias. Não vamos abandonar isso, mas vamos acompanhar também a dinâmica na própria construção civil”, disse. “Em algumas ocasiões de ciclo desaquecido, nos salários um pouco acima do piso da categoria, algumas empresas não praticam reajuste. E em outras, de momentos de expansão de crescimento, há oportunidades de avanços maiores nos salários de quem trabalha na categoria.”

A ideia, segundo o economista, é captar os movimentos da mão de obra também nas empresas que prestam serviços às grandes construtoras, o que pretende tornar o INCC mais aderente ao ciclo econômico.

Além de Castelo e Braz, participaram do Webinar o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), Yorki Estefan, a economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, e o diretor de Assuntos Econômicos da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Renato Lomonaco.

Estefan celebrou a mudança do INCC e avaliou que ela deve torná-lo mais aderente ao status atual da construção civil. “Ter um índice aderente torna nosso mercado mais atrativo para investimentos e capitais”, complementou.