18/09/2023 - 11:40
O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Paulo Picchetti, projeta que o indicador deve encerrar o mês de setembro com alta de 0,30%, após registrar recuo de 0,22% em agosto. Na passagem da primeira para a segunda quadrissemana do mês o IPC-S acelerou de queda de 0,02% para alta de 0,16%.
Na avaliação de Picchetti, os combustíveis devem ser o principal vetor de aceleração do indicador no mês. De acordo com seus cálculos, o efeito de alta do etanol e da gasolina somados nesta semana representaram um acréscimo de 0,10 ponto porcentual no índice cheio. “A gasolina acelerou de 2,75% para 4,40% nesta quadrissemana e a tendência é ficar até um pouco mais forte, porque, na ponta, a alta já está próxima de 5,0%”, afirma
Em contrapartida, Picchetti destaca que o grupo Alimentação tem seguido com variações negativas (-0,68% para -0,60%), sustentadas por quedas nos cortes de carnes, sobretudo bovinas. “Esse efeito das carnes está praticamente anulando as altas em alguns itens in natura, como tomate, que têm pressionado para cima”, salienta.
Na avaliação de Picchetti, outro ponto que reforça o cenário ainda benigno para a alimentação é o índice de difusão total do IPC-S, que atingiu 45,81% nesta quadrissemana. “Há uma correlação forte entre a difusão e os alimentos, que é o grupo com mais itens do IPC-S; esse número de 45,81%, apesar de ter subido em relação à quadrissemana anterior (45,16% )segue em nível historicamente muito baixo”, pontua.
Previsão para 2023
Por ora, Picchetti mantém a projeção de IPC-S encerrando o ano em 4,90%, mas ele não descarta que possa haver uma revisão baixista para a estimativa, devido à perda de tração da atividade doméstica.
“Temos observado surpresas positivas com o Produto Interno Bruto (PIB) e mercado de trabalho, mas está mantida essa perspectiva de desaceleração, só não sabemos qual será a intensidade dela e o repasse para os preços”, observa o coordenador.