13/10/2025 - 6:30
Apesar de ter registrado uma captação líquida positiva de R$ 110,9 bilhões nos primeiros nove meses de 2025, a indústria brasileira de fundos de investimentos ainda enfrenta um cenário de retiradas significativas de recursos em algumas categorias – a exemplo dos fundos de ações e os multimercados (que aportam recursos em diferentes tipos de ativos, como moedas, commodities e empresas listadas em bolsa de valores).
A dinâmica é um reflexo do comportamento dos investidores, ainda ressabiados em um ambiente de incertezas econômicas. Por outro lado, vão bem os fundos de renda fixa e os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e os Fundos de Investimento em Participações (FIPs) – os dois últimos destinados a empresas.
+ Mercado de FIDCs dobrou em 3 anos
A saída de recursos nesse tipo de fundos ocorreu porque a renda fixa – uma classe de investimentos já preferência do brasileiro – ganhou ainda mais destaque à medida que a taxa de juros básica subiu a 15% ao ano.
A Selic foi reajustada entre setembro de 2024 e junho deste ano pelo Banco Central (BC), que busca de conter a inflação. A taxa impulsiona os títulos atrelados a juros, os quais se tornaram mais vantajosos para o investidor. Tanto é que os fundos de renda fixa lideraram a captação de recursos no país entre janeiro e setembro, com fluxo de R$ 150 bilhões.
Enquanto isso, no mesmo período, os fundos de ações e multimercados tiveram saída líquida de R$ 50 bilhões e R$ 73 bilhões, nessa ordem, por conta de aversão a risco por parte de quem aplica. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Apesar do cenário, os resgates nos multimercados têm sido menores do que os observados em 2024, o que pode indicar início de recuperação.
Julya Wellisch, diretora da Anbima, destacou o desempenho dos FIDCs, os quais captaram R$ 63 bilhões no período. Esse tipo de fundo vem ganhando espaço no mercado brasileiro por financiar cadeias de fornecimento e empresas, em uma estrutura que promete entregar um pouco mais de segurança ao investidor.
Os FIDCs têm diferentes tipos de cotas – sênior e subordinada. A sênior é a última a sofrer perdas em caso d3230e inadimplência por parte de quem tomou dinheiro emprestado do fundo. Para o investidor, o rendimento é mais estável e tem sido opção de investidores institucionais (escritórios com grandes volumes de dinheiro aplicado e fundos de pensão, por exemplo). Aos poucos, os FIDCs chegam ao varejo (para a pessoa física).
Um outro destaque do período, citado por Julya, é o desempenho Fundos de Investimento em Participações (FIPs), com captação de R$ 44,7 bilhões.
Os fundos de índices (ETFs), embora representem menos de 1% do patrimônio dos fundos no país, também foram bem no acumulado do ano, com captação líquida de R$ 7,3 bilhões – movimento impulsionado pelos ETFs de renda fixa, com R$ 6,6 bilhões em entradas. Em relação à rentabilidade, renda fixa, multimercados e ações evidenciaram bom desempenho no ano.
Os fundos de ações indexados registraram rentabilidade de 22%, impulsionada pela recuperação do Ibovespa (índice de desempenho da bolsa brasileira de valores).m multimercados, os fundos que mantêm posições compradas e vendidas, apresentaram uma rentabilidade de 20,9% (o dobro da média de sua categoria, que foi de 9,1%). Já no segmento de renda fixa, os fundos de crédito livre, que podem ter mais de 20% da carteira em títulos de médio e alto risco, se destacaram com um retorno de 11,1%, ligeiramente acima da taxa DI (referência para investimentos em renda fixa), que foi de 10,4% no período.