A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realiza na tarde desta segunda-feira, 16, uma assembleia que pode definir o futuro do executivo Josué Gomes no comando da entidade.

O encontro desta segunda foi definido pelo próprio presidente da entidade em dezembro do ano passado, como uma resposta a um grupo de sindicatos patronais que havia marcado uma assembleia com o objetivo de tirá-lo do cargo.

Na pauta do encontro, o executivo será cobrado, entre outros temas, por viagens e reuniões em Brasília, além do manifesto em favor da democracia divulgado pela Fiesp em agosto de 2022 sem o consentimento de toda a entidade. “Ele terá de convencer corações e mentes”, disse uma fonte que deve participar da assembleia.

Parte da Fiesp enxergou no manifesto um desagravo da entidade ao governo Jair Bolsonaro (PL) – Josué é filho de José Alencar, morto em 2011, que foi vice-presidente nos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Antes da assembleia, o empresário deve almoçar com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin (PSB).

Aumento da tensão

Nos últimos meses, a Fiesp enfrentou uma intensa disputa política. Josué é acusado de ser distante da entidade e dos pleitos de interesse setorial, o que deu munição para que os sindicatos considerados menores passassem a pressionar pela saída do executivo.

Ele só pode deixar a presidência da Fiesp se renunciar ou por meio de uma nova assembleia. Uma eventual saída, no entanto, não é bem vista pelas entidades de grande peso no setor industrial.

“Isso poderia afetar a credibilidade e toda a história da Fiesp”, disse um executivo.

Procurada, a entidade não quis comentar.

Troca de comando

Herdeiro da Coteminas – empresa do setor têxtil -, Josué assumiu o comando da Fiesp no ano passado e encerrou um ciclo de quase 18 anos de Paulo Skaf na presidência da entidade. O empresário foi eleito em chapa única.

Próximo a Bolsonaro, Skaf tem sido um dos principais críticos da atual gestão.

Josué chegou a ser convidado pelo presidente Lula para ser ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, mas recusou o convite sob o argumento de que não poderia assumir o cargo como um “derrotado” na Fiesp. O empresário alegou que, se fizesse isso, pareceria um “refugiado” dentro do governo.

Os nomes mais cotados para assumir seu lugar no comando da federação – caso ele deixe a entidade – são os de Rafael Cervone Netto, Dan Ioschpe e Marcelo Campos Ometto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.