Novamente na contramão do crescimento econômico, a indústria de transformação perdeu um pouco mais de peso no Produto Interno Bruto (PIB). Em 2023, a participação do setor em toda a riqueza gerada no País recuou pelo quinto ano seguido, ficando em 10,8%.

Apresentado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) após a divulgação, pela manhã, dos resultados finais do PIB de 2023, o porcentual é o menor de toda a série estatística, iniciada em 1996, quando a indústria era 17% do PIB. De lá para cá, essa parcela caiu para 12,2% em 2018, mantendo-se em tendência de queda nos anos seguintes até ficar pela primeira vez abaixo de 11% no ano passado.

Em 2023, como mostrou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a indústria de transformação encolheu 1,3%, a sétima queda dos últimos dez anos, ao passo que o PIB geral, na soma de todas as atividades econômicas, subiu 2,9%. Com a perspectiva de melhora nas condições de crédito, após o aperto dos juros atingir as vendas de bens duráveis, como carros e eletrodomésticos, além dos investimentos em máquinas, a indústria aposta numa reação em 2024.

A previsão do departamento responsável pelos estudos econômicos da Fiesp é de crescimento de 1% do produto gerado pela indústria de transformação neste ano. Ainda assim, o setor não deve acompanhar, de novo, o desempenho da atividade econômica como um todo, que nas previsões da Fiesp deve ser de uma alta de 1,8%.

O prognóstico se baseia na tendência de crescimento do consumo, além da expansão do crédito, da desinflação, do mercado de trabalho aquecido, do reajuste do salário mínimo e da injeção de recursos do pagamento de R$ 93 bilhões em precatórios. Fora isso, espera-se que as políticas industriais, com estímulos à modernização das fábricas, mais as obras de prefeituras em meio à corrida das eleições municipais, impulsionem as vendas de máquinas e equipamentos.

Nos últimos dez anos, a indústria de transformação só cresceu três vezes: 2021, 2018 e 2017. Para a Fiesp, apesar da surpresa em relação às projeções do início de ano, o crescimento da economia em 2023 foi desequilibrado. Em baixa, a indústria de transformação e a construção civil, ambas sensíveis aos juros mais altos, contrastaram com a agropecuária, o setor extrativo e os serviços, responsáveis por puxar o PIB pela ótica da oferta.