A Federação Internacional de Futebol (Fifa), órgão máximo do esporte, é uma máquina de negócios que viu seu faturamento e seus lucros crescerem como nunca, nos quatro anos que culminaram na Copa do Mundo do Brasil. Os números constam do relatório financeiro da entidade, que enfrenta um escândalo de corrupção que culminou na prisão de importantes cartolas da entidade – entre eles, José Maria Marin, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol. Há duas investigações em curso: uma tocada pelo FBI, responsável pelas prisões, e outra pelas autoridades suíças.

Por enquanto, 14 membros da Fifa são acusados de integrar um esquema que movimentou US$ 150 milhões em propinas e comissões, em um período de 24 anos. A pressão sobre a federação levou à renúncia do suíço Joseph Blatter, que a comandou por 17 anos. Blatter anunciou sua saída, apenas quatro dias após ser reeleito para outro mandato, que terminaria em 2019. O cartola afirmou que permanecerá no cargo, até que uma nova eleição aponte o novo presidente. A escolha, porém, deve demorar, já que a previsão é que seja feita entre dezembro deste ano, e março de 2016. Por isso, membros da Fifa defendem a saída imediata de Blatter.

Na briga pelo comando da federação, a paixão pelo esporte mais popular do mundo está em segundo plano. O que se disputa é o controle de uma máquina bilionária de fazer dinheiro. Confira, a seguir, os principais números da entidade, divulgados no balanço de 2014.

Quanto a Fifa fatura?

No período de 2011 a 2014, a receita total foi de US$ 5,718 bilhões. A cifra é 36% maior que os US$ 4,189 bilhões faturados nos quatro anos anteriores, de 2007 a 2010. Somente no ano passado, quando foi realizada a Copa do Mundo no Brasil, a receita da Fifa alcançou US$ 2,096 bilhões – 62% mais que o US$ 1,291 bilhão obtido em 2010, quando houve a Copa na África do Sul.

De onde vem o dinheiro?

Receitas geradas por eventos esportivos: US$ 5,137 bilhões
Sendo:
US$ 2,428 bilhões – direitos de transmissão da Copa do Mundo no Brasil
US$ 56 milhões – direitos de transmissão de outros eventos ligados a futebol
US$ 1,580 bilhão – receitas de marketing com a Copa do Brasil
US$ 49 milhões – outras receitas de marketing
US$ 185 milhões – credenciamento de hotéis para exibir o selo oficial da Fifa em eventos como a Copa
US$ 115 milhões – licenciamentos
US$ 724 milhões – outras fontes

Além de:
US$ 310 milhões – receitas financeiras
US$ 271 milhões – outras receitas operacionais

Quanto a Fifa gasta?
 
Entre 2011 e 2014, as despesas da federação totalizaram US$ 5,380 bilhões. O montante é 51% maior que os US$ 3,558 bilhões gastos entre 2007 e 2010. Apenas em 2014, devido à copa brasileira, a entidade desembolsou US$ 1,955 bilhão, quase o dobro dos US$ 1,089 bilhão registrados em 2010, com a Copa da África do Sul.

Como são os gastos?

Realização de eventos esportivos: US$ 2,817 bilhões
Sendo:
US$ 2,224 bilhões – Copa do Mundo de 2014
US$ 88 milhões – programa de proteção a clubes
US$ 505 milhões – outros eventos esportivos

Além de:
US$ 1,052 bilhão – programas de desenvolvimento do futebol
US$ 334 milhões – despesas financeiras
US$ 232 milhões – programas de governança e gestão
US$ 84 milhões – pagamento de licenças e direitos
US$ 861 milhões – outras despesas operacionais

Quanto a Fifa lucra?

Entre 2011 e 2014, a Fifa lucrou US$ 338 milhões, o que representa uma queda de 46% sobre os quatro anos anteriores, quando a entidade ganhou US$ 631 milhões. Embora 2014 tenha sido o ano de maior lucro do período que antecedeu a Copa no Brasil, esteve longe do desempenho de 2010, quando o torneio foi realizado na África do Sul. O evento brasileiro gerou ganhos de US$ 141 milhões para a Fifa; o sul-africano contribuiu com US$ 202 milhões

A Fifa tem dinheiro em caixa?

Sim. A Fifa mantém uma reserva financeira (uma espécie de poupança), que encerrou dezembro de 2014 em US$ 1,523 bilhão, um avanço de US$ 91 milhões sobre o total do ano retrasado. A entidade justifica a manutenção dessa dinheirama, afirmando que a reserva é necessária para arcar com imprevistos, já que é difícil encontrar seguradoras que emitam apólices contra o eventual cancelamento de um torneio – sobretudo, uma Copa do Mundo.