14/09/2022 - 20:47
Dezenas de milhares de pessoas alinham-se nesta quarta-feira (14/09) na margem sul do rio Tâmisa, em Londres, para passar em frente ao caixão darainha Elizabeth 2ª, em uma fila que alcançava cinco quilômetros.
O tempo de espera para entrar no salão do palácio de Westminster, onde está o corpo da monarca que morreu no dia 8 de setembro, aos 96 anos, pode chegar a 30 horas, segundo a imprensa britânica, se a fila atingir sua extensão máxima.
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Por volta das 15h (horário local), cerca de 86 mil pulseiras de identificação já haviam sido distribuídas às pessoas na fila – muitas delas, haviam passado a noite no local. Às 17h, o palácio de Westminster, sede do Parlamento britânico, foi aberto aos súditos e a fila começou a andar.
Até segunda-feira, espera-se que 750 mil pessoas visitem o Palácio de Westminster para prestar suas últimas homenagens à rainha. O sistema de filas tem capacidade para 16 quilômetros.
Preparados para longa espera
A maioria das pessoas está preparada para uma longa espera. É o caso Stefan Conway, de 31 anos, nascido nos Estados Unidos numa família britânica e que vive em Londres desde 2010. Ele chegou ao local pouco antes das 15h, portando comida, água, livros, três baterias carregadas para o celular e um casaco impermeável. Para ele, Elizabeth 2ª “corporiza uma nação”.
Ao contrário das multidões que se juntaram nas imediações do Palácio de Buckingham desde a morte da rainha, na fila para Wesminster há poucos turistas. Além disso, poucas pessoas tiram selfies e ouve-se conversas quase que somente em inglês – sobretudo, sobre a monarca e o seu reinado de 70 anos, o mais longo da história do Reino Unido.
Um grupo de quatro pessoas sentadas no chão perto da ponte de Westminster, a um quilômetro e meio do início da fila, partilhava histórias divertidas sobre a monarca. Eles vieram de diferentes partes de Inglaterra e o único homem do grupo, Barry, de 57 anos, veio da Irlanda do Norte. Não se conheciam e começaram a conversar por volta das 10h desta quarta-feira, quando se juntaram à fila, na expetativa de por volta das 22h já estarem à caminho de casa.
Christine, de 73 anos, explica que, nos 10 dias de luto no país, há muitas oportunidades de homenagear a rainha. No entanto, ela escolheu esta por permitir “um momento muito pessoal, mais espiritual”, ao contrário do que acontece entre as multidões, sempre com muita gente “com celulares nas mãos, tirando selfies”.
Catherine, de 60 anos, tenta explicar a disposição de tantas pessoas em aguardar em uma imensa fila para passar alguns segundos diante do caixão. Para ela, Elizabeth 2ª representa uma geração de britânicos que viveu a 2ª Guerra Mundial e foi “mais do que uma rainha”, mas “uma mãe, avó e bisavó” para muita gente, além de chefe da Igreja Anglicana, entre outros papéis e símbolos da identidade britânica.
Infraestrutura ao longo da fila
Ao longo do percurso da fila foram instalados cerca de 500 banheiros móveis e pontos de água, assim como postos de primeiros socorros. Voluntários da Cruz Vermelha britânica percorrem a fila perguntando às pessoas se estão bem e dando informações sobre as regras e restrições que as aguardam mais à frente, quando estiverem perto da entrada de Westminster.
Cafés e outros comércios locais também funcionarão fora do horário convencional. No exterior da cinemateca BFI Southbank haverá um um telão que projetará imagens de arquivo da rainha.
Os súditos terão de passar por controles de segurança antes de entrarem no Palácio de Westminster. Eles poderão passar pelo caixão, mas sem parar, e não poderão levar flores ou qualquer outro tipo de ofertas. Filmagens ou fotografias também estão proibidas.
As autoridades alertam para a necessidade de “ficar de pé durante muitas horas, possivelmente durante a noite, com poucas oportunidades para sentar-se, pois a fila continuará em movimento”.
De acordo com as regras, serão permitidas malas pequenas, uma por pessoa, com abertura fácil para ser inspecionada, e ninguém pode entrar no Palácio de Westminster com comida ou bebida – que “devem ser consumidas na fila de espera”. Os celulares terão de ser desligados ou colocados em modo silencioso.
“Por favor, respeite a dignidade deste evento e comporte-se de forma apropriada”, instaram as autoridades, pedindo que dentro de Westminster deve ser mantido o silêncio.
O caixão com o corpo da monarca permanecerá no Palácio de Westminster, o edifício que abriga o Parlamento britânico, até as 6h30 de segunda-feira (horário local), dia do funeral de Estado, que começará às 11h.
No local, também foram velados nomes como o primeiro-ministro William Gladstone (1898), os reis Edward 7º (1910), George 5º (1936), George 6º (1952, pai de Elizabeth 2ª) e o primeiro-ministro Winston Churchill (1965).
O último membro da família real a ser velado em Westminster foi a Rainha Mãe, em 2002, quando cerca de 200 mil pessoas fizeram fila para ver o caixão ao longo de três dias.
Cortejo fúnebre
Na terça-feira, o corpo de Elizabeth 2ª chegou a Londres de avião, vindo da Escócia. O cortejo fúnebre deixou nesta quarta-feira o Palácio de Buckingham rumo ao Parlamento por volta das 16h20.
Atrás do carro que transportava o caixão seguiram a pé o rei Charles 3ºe seus irmãos, a princesa Anne e os príncipes Andrew e Edward. Logo depois, estavam os príncipes William e Harry, filhos do novo monarca.
Mais atrás, em uma limusine real, estavam a rainha consorte, Camilla, a princesa de Gales, Kate, a duquesa de Sussex, Meghan, e a esposa do príncipe Edward, a condessa de Wessex, Sophie.
A procissão solene deslocou-se lentamente ao longo da The Mall, avenida que liga o palácio e Whitehall, onde estão localizados alguns edifícios do governo.
O silêncio da multidão foi quebrado apenas pela música solene de uma banda real e disparos de canhão no Hyde Park e toques do Big Ben, o sino da Torre do Relógio, a Elizabeth Tower.
O caixão com o corpo da rainha Elizabeth 2ª saiu neste sábado (11/09) do Castelo de Balmoral, na Escócia, onde a monarca morreu na quinta-feira, chegando a Edimburgo após um cortejo de cerca de seis horas. Segundo o governo escocês, cerca de 33 mil pessoas visitaram o caixão da rainha na Catedral de Santo Egídio, em Edimburgo, durante as 24 horas em que o local esteve aberto ao público.
le (Lusa, ots)