07/09/2024 - 18:00
O tradicional “templo da felicidade e do prazer” de São Paulo tem novos guardiões. Aratã e Aruã Maroni são as novas caras da dinastia que criou há 30 anos o Bahamas Hotel Club, uma das mais célebres boates de entretenimento adulto da capital paulista. Desde janeiro, os irmãos assumiram o trono ocupado durante décadas por seu pai, o empresário Oscar Maroni Filho, que se afastou dos negócios da família após ter sido diagnosticado com Alzheimer no fim de 2023.
Agora, à frente dos negócios, os herdeiros buscam resgatar os tempos de glória do Bahamas e tentar romper a simbiose existente entre a boate e seu fundador, mas sem perder a essência do seu negócio. A tarefa não será das mais simples. Antes frequentada diariamente por 140 pessoas, com picos de 180 em certos dias da semana, hoje a boate recebe pouco mais de 70 convidados por noite, que, apenas com comida e bebida, têm um gasto médio da ordem de R$ 600.
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Frequentado por empresários, políticos e membros da mais alta casta da sociedade paulistana — nomes sempre mantidos sob o mais rigoroso sigilo — o Bahamas viveu tempos gloriosos entre meados da década de 1990 e os primeiros sete anos dos anos 2000. Fechado em 2007 pelo prefeito Gilberto Kassab por exercer atividade diferente da autorizada, o Bahamas foi reaberto em 2013.
Um dos primeiros passos dados pelos irmãos está sendo recuperar o luxo que um dia foi comum no Bahamas. Até agora, os investimentos não são elevados, mas altos o suficiente para um negócio que perdeu praticamente metade da sua principal fonte de receita. Já foram aportados cerca de R$ 2,5 milhões em reformas, infraestrutura, amenities para as suítes e sistemas de gestão.
Desde que assumiram, os dois irmãos encontraram uma série de fraudes na operação. Contrataram uma auditoria externa, revisaram os números, trocaram cardápio, ajustaram o marketing e iniciaram as reformas do prédio. “Antes do meu pai ter sido diagnosticado, ele já apresentava sinais de problemas de saúde. Não tinha mais condições de ter controle sobre o negócio e as pessoas, muitos funcionários, se aproveitaram disso. Dos 30 funcionários que tínhamos, trocamos 18”, disse à DINHEIRO Aratã.
O executivo conta que seguiu a sugestão de um cliente de, em um primeiro momento, não se preocupar tanto com o faturamento da boate, mas em ter o controle da casa. “Aumentar a receita com uma megacampanha de marketing só faria os problemas se multiplicarem.”
A nova fase do Bahamas passa também por ajustes em algumas estratégias. A casa pretende realizar shows, eventos, festas temáticas, abrir para clientes durante o almoço e se tornar um ponto de encontro das pessoas, para oferecer experiências quase que exclusivas, quase que uma “Disney do entretenimento adulto”. Nos planos ainda estão participação e patrocínios de eventos.
Para comunicar a nova fase do Bahamas, os irmãos estão apostando no marketing digital. Influenciadoras foram contratadas para divulgar a festa de aniversário de 30 anos da casa, marcada para 6 de setembro. “Aqueles clientes habituais, que vinham duas vezes por semana, começaram a voltar. Já é uma coisa sólida que está dando resultado. A lotação ainda não está como nos tempos áureos, mas é um gráfico que vem crescendo aos poucos”, afirmou Aruã.
Se as mudanças estéticas e operacionais implementadas pelos irmãos Maroni no Bahamas começam a gerar frutos, a filosofia que sempre guiou a casa permanece intacta: o hedonismo. A doutrina criada na Grécia Antiga agora encontra a modernidade apresentada pela nova geração da dinastia Maroni.