02/05/2021 - 21:18
Longe do Pacífico, uma baleia-cinzenta foi avistada nos últimos dias em frente à costa francesa do Mediterrâneo, informou neste domingo (2) a Rede Nacional de Encalhe de Mamíferos Marinhos.
Trata-se de um filhote de quinze meses e 8 metros de comprimento, que tinha sido avistado no Marrocos em março e na Itália nas últimas semanas: em Nápoles, depois em Roma e em Gênova. Aparentemente, ele teria se perdido no Mediterrâneo, de onde tenta sair para voltar ao seu hábitat natural, no Pacífico norte.
“Em 2010, observou-se um espécime no Mediterrâneo em duas ocasiões, em Israel e na Espanha. É a primeira vez em nossa costa francesa”, disse Adrien Gannier, veterinário e membro da rede, que pôde ver com seus próprios olhos na sexta-feira a jovem baleia no litoral de Bormes-les-Mimosas (sudeste da França).
A presença desta espécie de baleia nestas águas e muito pouco frequente, já que sua população vive, em sua grande maioria, na Baixa Califórnia durante o inverno e no Alasca durante o verão.
“É possível que esta baleia, nascida na Califórnia, tenha se perdido no mar de Beaufort durante sua primeira temporada de alimentação e que, ao invés de descer até o Pacífico, tenha chegado ao Atlântico antes de ficar presa no Mediterrâneo”, explicou Gannier, que também faz parte do grupo de pesquisas destes cetáceos (Grec), uma associação baseada em Antibes.
Observada primeiro em Antibes e depois em Mandelieu-La Napoule na quinta-feira, nos Alpes Marítimos, foi avistada na sexta no porto de Bormes-les-Mimosas, de onde as autoridades portuárias conseguiram afastá-la mar adentro.
“Nós a acompanhamos em seu trajeto para o oeste e a deixamos a uma milha náutica do cabo Bénat”, conta Gannier, que espera que o filhote continue sua rota rumo à costa espanhola antes de sair do Mediterrâneo por Gibraltar e consiga subir pelo Atlântico.
“Parece gozar de excelente saúde, mas está magra, já que sua forma de alimentação não é própria do Mediterrâneo”, disse o veterinário. O animal se alimenta de invertebrados presentes na areia lamacenta, que são raros na região.