Nada cresceu tanto nos últimos dez anos como a telefonia celular. O número de assinantes passou de 65,6 milhões, em 2004, para 280,7 milhões, no ano passado, um avanço de 327,9%.

Mas essas taxas de crescimento ficaram no passado. Pior: nos dois primeiros trimestres de 2015, a base de celulares no Brasil encolheu em 7 milhões. Em pré-pagos, a diminuição foi ainda maior: 10 milhões de pessoas deixaram o serviço.

O que, afinal, está acontecendo? Em poucas palavras: o brasileiro está deixando de usar dois ou mais chips, conclui um estudo da consultoria Teleco, especializada em telecomunicações.

“Com o crescimento do uso de aplicativos de mensagem, como o WhatsApp, em que o gasto com dados é o mesmo, independente da operadora da pessoa com quem está se comunicando, o 2º chip perdeu atratividade”, diz um trecho do estudo.

Essa não é, no entanto, a única explicação. A diferença de preços entre as chamadas de celulares da mesma operadora (cerca de R$ 0,05 por minuto) e de fora (em torno de R$ 1,00), estimulou durante muito tempo o uso de chips de várias operadoras.

A chamada tarifa de interconexão (VU-M), que justifica os preços mais altos, está em queda livre. Em 2011, ela estava em R$ 0,42 por minuto. Neste ano, R$ 0,16. E deve atingir R$ 0,02 em 2019.

A receita da tarifa de interconexão, que representava 22% da receita de serviços das operadoras móveis, segundo a Telecom, passou a representar 12% em 2015.

Com isso, as empresas de telefonia entraram em guerra para manter o seu cliente. A TIM foi a primeira a acabar com a diferença de preços entre chamadas “on net” e “off net”. Foi logo seguida pela Oi.

A Claro, do grupo mexicano América Movil, optou por uma estratégia diferente. Agora, ela oferece acesso ilimitado para o WhatsApp, Facebook e Twitter para planos pós-pagos e Controle.

A Vivo até agora não se movimentou. Mas seu presidente, Amos Genish, está em uma batalha contra o serviço de voz do WhatsApp.

Quem pode se beneficiar disso são os consumidores. Com o mercado em queda, todas querem, ao menos, não perder quem já conquistaram.