Um mito do mercado financeiro brasileiro não existe mais. Na semana passada, os executivos Carlos Castanho, Marcelo Medeiros, Marcelo Barbará e Andrew Shores deixaram o escritório brasileiro do Credit Suisse First Boston (CSFB). Eles eram os últimos sócios remanescentes do Garantia, o banco que se tornou sinônimo de ganhos volumosos, e foi comprado pelo gigante suíço por
US$ 1 bilhão em 1998. Castanho, que desde fevereiro do ano passado exercia a presidência do CSFB no Brasil, e os demais ex-diretores ainda prestarão uma espécie de consultoria ao novo presidente, Antonio Quintella. No mercado financeiro, especulações davam conta de que a saída do quarteto teria sido motivada por perdas decorrentes de apostas erradas no câmbio, tese negada pela assessoria do CSFB Garantia. Até a última quinta-feira, porém, o banco ainda não havia publicado o balanço referente às operações do primeiro semestre.

Criado na década de 70 por Jorge Paulo Lemann, o Garantia virou sinônimo de banco nacional de investimento. Além de Lemann, tido como um Midas das finanças, foram sócios do banco nomes como Claudio Haddad, Marcel Hermann Telles, Carlos Alberto Sicupira, Luiz César Fernandes, Tom Freitas Valle, entre outros. O sangue-frio nos negócios, a disposição por correr riscos e uma cultura baseada na méritocracia transformaram o Garantia numa espécie de escola para banqueiros. Fernandes deixou a sociedade para criar o Pactual, e Valle, para montar o Matrix. Mas o Garantia não era infalível, como imaginavam alguns. Durante a crise asiática, o banco perdeu mais de US$ 100 milhões. Os prejuízos continuaram com a crise da Rússia e o Garantia teve de ser vendido. O negócio com o CSFB gerou uma espécie de diáspora dos antigos sócios, que ampliaram sua atuação para além do mercado financeiro.