Depois de quase cinco anos sem uma grande aquisição, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) marcou um gol na semana passada. Ao comprar por € 482 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) a siderúrgica alemã Stahlwerk Thüringen (SWT) do grupo espanhol  Alfonso Gallardo, a companhia brasileira atingiu dois objetivos: diversificar sua produção e aumentar a presença nos mercados externos. A nova controlada da CSN na Alemanha produz 1,1 milhão de toneladas anuais de aços longos (barras, vergalhões ou perfis), usados principalmente na construção civil, agricultura e infraestrutura. Hoje, a CSN tem capacidade de produção de  5,6 milhões de toneladas, só de aços planos – chapas, bobinas e folhas, utilizadas principalmente pela indústria. 

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Steinbruch: empresário negociou bom preço para diversificar a produção da CSN.

A entrada em aços longos é um plano antigo da CSN, que investiu US$ 500 milhões numa nova usina em Volta Redonda, que começa a operar no ano que vem. O fechamento do negócio não foi simples. A CSN anunciara, em maio do ano passado, a intenção de comprar ativos do grupo Gallardo, que incluíam, além da SWT, uma cimenteira e duas usinas  na Espanha, mas o contrato estava suspenso desde setembro por divergências entre os dois grupos. A CSN acabou decidindo ficar apenas com a alemã, vista como a “joia da coroa”.  A situação econômica na Alemanha é muito melhor do que na Espanha, e a planta da SWT utiliza 80% de sua capacidade. O costumeiro estilo duro do empresário Benjamin Steinbruch na hora de negociar deu certo desta vez. 

Segundo o analista do Banco do Brasil, Victor Penna, a CSN fez bom negócio ao avançar na diversificação. “O preço foi baixo”, afirmou Penna. A aquisição ocorreu apenas um mês depois de a CSN perder a disputa por parte do controle da Usiminas para o grupo ítalo-argentino Techint. A CSN ampliou de maneira relevante sua internacionalização. A produção alemã é mais que o quádruplo da tonelagem de aços planos entregues pelas duas usinas controladas pela CSN nos Estados Unidos e em Portugal. Mas o analista do BB pondera que o momento atual talvez não seja o melhor para expandir a capacidade em siderurgia, com a baixa rentabilidade do setor e crise na Europa.  

 

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