A possível vitória do candidato à presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Luís Inácio Lula da Silva, na votação de domingo (2), fez dois veículos estrangeiros alertarem os investidores sobre a diminuição de dividendos pagos pela Petrobras (PETR4).
O jornal britânico Financial Times e a agência de notícias Bloomberg alertaram seus clientes sobre a mudança de rumo na estatal brasileira. O texto do Reino Unido faz duras críticas à gestão petista em relação à política adotada no governo Dilma.“A empresa mais importante do país foi quase enterrada sob uma montanha de dívidas”, afirmou o jornal. A Bloomberg também alertou os investidores de Washington. “O fluxo de dividendos pode secar se Lula vencer as eleições e cumprir suas promessas”, afirmou.
Para o estrategista-chefe da Empiricus Investimentos Felipe Miranda, mesmo que Lula esteja caminhando para construir um governo de centro, o petista seria marcado por uma redução nos lucros das estatais.“Os bancos públicos serão utilizados para dar crédito mais barato, o que impacta nas receitas de empresas como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal”, disse.
No caso da Petrobras, ele alerta que a possibilidade de mudança na política de preços está praticamente dada. “Isso já é esperado pelo mercado, a expectativa é que os dividendos diminuam no próximo ano”, afirmou.
Os analistas da Genial Investimentos seguem a mesma linha e não mostram interesse em ações de estatais num possível governo Lula. “Caso a Petrobras resolvesse mudar a sua política de desinvestimentos, tal decisão não deveria ser necessariamente um revés para petrolíferas privadas com a PetroRio à medida que todas as suas aquisições antes de Albacora Leste foram feitas entre players privados”, afirmaram os analistas da corretora.
Mercado já precificou Lula
De acordo com Felipe Miranda, 70% do mercado acredita em uma vitória de Lula, seja no primeiro turno ou no segundo. Na avaliação da Guide Investimentos, o mercado já precifica a vitória do líder nas pesquisas. “Empresas de construção, consumo e educação têm se destacado positivamente, enquanto empresas estatais têm desapontado”, disse o analista da Guide Investimentos Rodrigo Crespi.