O volume de financiamento imobiliário no primeiro semestre de 2024 foi de R$ 149,4 bilhões, o que representa um crescimento de 30% em relação ao mesmo período do ano de 2023. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 24, pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).

A expectativa é de que 2024 seja expressivamente melhor do que 2023, quando foram financiados R$ 115,1 bilhões nos primeiros seis meses. O motivo do otimismo são dados da série histórica, que demonstram cenário superior no segundo semestre em relação aos primeiros meses de cada ano.

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A projeção é de que o crescimento consolidado em 2024 seja de 7,6%. Caso a previsão se concretize, este entrará para a lista dos três melhores anos da série histórica, ao lado de 2021 e 2022.

Outro dado apresentado foi o crescimento de lançamentos em relação ao ano passado. Em 2023, houve uma queda de 12% no dado de construções em relação ao ano anterior. Já no primeiro semestre de 2024, houve crescimento de 22% na comparação com os primeiros meses de 2023.

“O ponto de destaque positivo é que as vendas continuaram crescendo mesmo com a colocação de novos produtos, o estoque segue sendo consumido”, afirmou Gamba. O crescimento do volume de aquisições foi de 3%.

Ranking das operadoras de crédito

Os números apresentados pela Abecip incluem ainda um ranking das empresas com maior volume de crédito imobiliário para aquisição e construção.  Confira:

PosiçãoAgenteR$ MilhõesUnidades
1Caixa39.807,7146.934
2Bradesco16.155,338.014
3Itaú Unibanco13.775,430.942
4Santander5.177,913.588
5Banco do Brasil3.749,710.340
6BRB2.387,54.285
7Barisul6512.102
8Banpará175,6526
9Safra116500
10Ailos106338
11Poupex25,3171

Instituições não citadas não fizeram operações no ano e / ou ainda não fazem parte da amostra de dados da Abecip.

Relevância da poupança

Os valores financiados com poupança chegaram a R$ 82,1 bilhões, crescimento de 7% em relação ao primeiro semestre de 2023. Já o financiamento por FGTS chegou a R$ 67,2 bilhões, com crescimento de 75%, impulsionado pelo programa Minha Casa, Minha Vida.

Quando se fala da estrutura de mercado, a participação da poupança no financiamento encolheu com o crescimento de outras estruturas, sobretudo as Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs). A mudança pode ser observada no gráfico abaixo, em que SBPE representa o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo:

AbecipEstrutura de Funding – Saldo e Participação % (Crédito:Abecipe)

“A poupança continua sendo bastante importante, mas ela não é 100% deste funding”, afirmou Sandro Gamba, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). “Você tem hoje uma distribuição deste share.”

Segundo Gamba, a tendência é que a importância da poupança mantenha-se relativamente estável, sem novas quedas ou crescimentos relevantes.

“Nos últimos dois anos, a poupança teve muito mais saque do que captação”, afirmou Gamba. Porém o quadro se reverteu no trimestre entre maio e junho de 2024, com captação líquida no valor de 11 bilhões. A poupança, no final de junho, tem um saldo de R$ 763 bilhões.

Redução de emissão de LCIs

Em fevereiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a Resolução nº 5.119, que modifica os lastros elegíveis e nos prazos de vencimento da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), da Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e da Letra Imobiliária Garantida (LIG).

O impacto foi uma redução nas emissões de LCI. Se nos três meses anteriores elas atingiram R$ 30,8 bilhões, R$ 33,7 bilhões e R$ 30,7 bilhões respectivamente, este número cai para R$ 11,6 bilhões em fevereiro, e mantém-se na média de R$ 12 bilhões desde então.

“A solicitação da Abecip é retomar o prazo anterior de 90 dias da LCI”, afirma Gamba ao comentar que os impactos podem ser sentidos em breve. “É um dos instrumentos que foi testado, comprovado e é muito importante para o mercado.”