A fintech Warren anuncia hoje que recebeu R$ 25 milhões em uma rodada de investimentos. Fundada por Marcelo Maisonnave e Tito Gusmão, ex-sócios da XP Investimentos, a empresa é uma corretora digital. Seu principal produto é um robô de investimentos, que promete orientar o usuário a fazer aplicações com maior eficiência. A rodada, a primeira da empresa, foi liderada pelos fundos Ribbit Capital e Kaszek Ventures, um dos maiores da América Latina.

“Escolhemos parceiros globais: o Ribbit é um dos principais fundos de fintech do Vale do Silício, enquanto o Kaszek se preocupa muito com produto”, diz Gusmão, presidente executivo da Warren. Fundada em 2017, em Porto Alegre, a corretora oferece fundos com diferentes riscos, baseados em ações ou renda fixa, por exemplo – o aporte mínimo é de R$ 100 e a taxa cobrada é de 0,5% ao ano sobre os rendimentos.

“Investir é difícil demais para a pessoa comum, porque é uma sopa de letrinhas, CDB, CDI, LCA…”, diz Gusmão. “Nosso robô orienta o usuário a investir em produtos a partir de um objetivo pessoal, como viagens ou aposentadoria.”

Com os recursos recebidos pelo aporte, a Warren pretende ampliar operações: hoje, tem 60 mil clientes e R$ 300 milhões em ativos administrados. Segundo Gusmão, a meta é atingir 120 mil usuários e R$ 1,3 bilhão em ativos até o fim do ano.

Robocop

Uma das armas para esse crescimento é uma nova área de negócios, iniciada no começo do ano, que permite a assessores financeiros utilizar os serviços da Warren. “Queremos entregar um Robocop dos investimentos: a máquina orienta a melhor aplicação, o melhor portfólio, enquanto o ser humano cuida do relacionamento”, diz. Nessa modalidade, a startup continuará a cobrar taxa do assessor, que por sua vez, poderá definir quanto cobra do cliente. Segundo a empresa, hoje já há 50 consultores cadastrados – e outros 200 estão na fila de espera.

Na visão de Guilherme Horn, líder de inovação da consultoria Accenture, a aposta em mesclar consultoria humana e robôs pode dar certo. “Um robô não deve substituir um banco ou corretora, mas sim funcionar como ferramenta complementar”, afirma. “Há uma tendência de integração maior, em soluções híbridas.”

Outro destino para os recursos será o aumento da equipe: atualmente, a empresa tem 120 funcionários, divididos entre a sede em Porto Alegre e São Paulo. Até o fim do ano, Gusmão pretende ter 200 pessoas – 10% delas na capital paulista. Mais da metade do time está dedicado à tecnologia. “Com processos automatizados, é possível atender mais clientes a custos baixos”, diz.

A partir de abril, a Warren também vai oferecer produtos de outros bancos e corretoras em sua plataforma, como Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) e fundos de investimento. A diferença é que a Warren vai “devolver” aos clientes a comissão que receber pela venda desses fundos – ou rebate, no jargão do setor.

“Se o usuário investir em um fundo com taxa de administração a 2%, mas o rebate for de 0,8%, ele vai pagar 1,2%, mais a nossa taxa fixa de 0,5%”, diz Gusmão. “Vai ficar mais barato do que se ele investir em alguns outros lugares.” Inclusive na empresa da qual os fundadores da Warren eram sócios.

Na visão de Gusmão, a XP é uma de suas muitas rivais. Seu maior concorrente, porém, é o gerente do banco que “nem sempre oferece a melhor aplicação ao correntista, mas sim a que ele precisa vender para ganhar uma comissão”.

Para Horn, da Accenture, a experiência anterior dos sócios é um ponto a favor da Warren. “São profissionais que têm rica experiência e a visão da dor do usuário que ainda não foi atendida. A diferença é que antes a mão de obra qualificada era alvo de concorrentes. Agora, eles foram picados pela mosca do empreendedorismo.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.