03/09/2021 - 13:22
As mortes por covid-19 no Brasil estão em queda há dez semanas consecutivas e chegaram à média diária de 670 na Semana Epidemiológica 34 (15 a 28 de agosto), segundo o Boletim do Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Nos momentos mais críticos da pandemia, em abril de 2021, o país chegou a ter uma média de mais de 3 mil mortes diárias.
O boletim acrescenta que o número de novos casos de covid-19 teve queda média de 2,4% ao dia na semana estudada e atribui à vacinação a redução contínua na mortalidade e nas internações pela doença no país. Os pesquisadores pedem que esse processo seja acelerado e ampliado e ressaltam que a maioria da população adulta ainda não completou o esquema vacinal, o que é fundamental para maior efetividade das vacinas. Acrescentam que a vacinação de adolescentes ainda está em fase inicial.
“Segundo dados compilados pelo Monitora Covid-19, considerando os adultos (acima de 18 anos), 82% dessa população foram imunizados com a primeira dose e 39% com o esquema de vacinação completo. Apesar de ainda ser necessário avançar na ampliação e aceleração da vacinação, esse processo contribui para a importante tendência de redução da incidência e mortalidade, sendo notável o declínio no número absoluto de internações e óbitos em todas as faixas etárias”, afirma o boletim.
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Outro ponto destacado é que as vacinas não impedem completamente a transmissão do vírus Sars-CoV-2, mesmo quando o esquema vacinal está completo. Pessoas vacinadas podem transmitir para outras pessoas, independentemente de manifestarem a doença, e não estão totalmente livres do risco de desenvolver um quadro grave, ainda que esse risco seja reduzido de forma importante pela imunização. Além disso, os pesquisadores veem um cenário em que o relaxamento de medidas de distanciamento físico, tanto por parte de governos quanto da população, se dá ao mesmo tempo em que cresce a presença da variante Delta nas amostras analisadas.
“O conjunto desses fatores resulta em cenário que combina incertezas com exigência de muita atenção”, alertam. “A redução do impacto da pandemia de modo mais duradouro somente será alcançada com a intensificação da campanha de vacinação, a adequação das práticas de vigilância em saúde e o reforço da atenção primária à saúde, além do amplo emprego de medidas de proteção individual, como o uso correto de máscaras e o distanciamento físico”.
Apesar da tendência de queda no país, os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), uma complicação frequentemente relacionada à covid-19, ainda se encontram em nível extremamente alto no Paraná, Rio de Janeiro, em Minas Gerais, São Paulo, Goiás e no Distrito Federal. Nessas unidades da federação, há mais de 10 casos para cada 100 mil habitantes.
A taxa de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva para covid-19 está fora da zona de alerta para 23 estados e o Distrito Federal. As exceções são Roraima, que está na zona de alerta crítico, com 82%, Goiás (62%) e o Rio de Janeiro (72%), que estão na zona de alerta intermediário.
Apesar disso, o boletim considera que o estado do Rio de Janeiro é o que mais preocupa, com a região metropolitana da capital apresentando percentuais críticos de ocupação: Rio de Janeiro (96%) – Belford Roxo (100%), Duque de Caxias (94%), Guapimirim (90%), Nova Iguaçu (85%), Queimados (78%) e São João do Meriti (83%).
“O temor por uma reversão da tendência de melhoria nos indicadores da pandemia tem sido colocado, tomando justamente o Rio de Janeiro como exemplo e designando-o como epicentro da variante Delta. É necessário manter cautela e continuar acompanhando os indicadores nas próximas semanas. Deve-se evitar a perspectiva alarmista, mas também não se deve assumir que o panorama indica a possibilidade de flexibilização absoluta de atividades e circulação de pessoas”.
O boletim divulgado hoje também reforça a avaliação de que, com o avanço da vacinação para a população mais jovem, o rejuvenescimento da pandemia observado no primeiro semestre deste ano foi revertido. “As internações hospitalares, internações em UTI e óbitos voltaram a se concentrar na população idosa, que apresenta maior vulnerabilidade entre os grupos por faixas etárias”.