Aos 10 anos de idade, Clóvis Souza morava com a mãe em frente a um cemitério de São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Temerosa de deixar o menino sozinho enquanto trabalhava, a matriarca teve a ideia de pedir ao dono de uma floricultura que funcionava no andar de baixo do prédio que o empregasse. “Estudava até as 12h e à tarde eu trabalhava lá”, diz Souza. Ele aprendeu logo a fazer uma coroa, arranjo mais demandado pela clientela do cemitério, e nunca mais deixou as flores. Em 1990, com 20 anos, conseguiu virar dono de seu próprio negócio e abriu a floricultura Giuliana Flores – o nome veio de sua ex-mulher. 

 

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Namoro real: Está analisando com cuidado propostas de investimento:

“Se for só para pegar dinheiro, vou ao banco.”

 

Em 2000, Souza investiu naquilo que garantiria o faturamento milionário da empresa: o comércio eletrônico. Hoje Souza é o maior vendedor de flores da web brasileira, entregando em média 23,5 mil pedidos por mês. A transição não foi simples. “Preparamos arranjos especiais, mais compactos, para vender na internet sem chegarem danificados até o cliente”, afirma. Câmaras frias e embalagens especiais também tiveram de ser estudadas cuidadosamente. Para incrementar mais os presentes, fez parcerias com empresas conhecidas, como os fabricantes de chocolates Cacau Show e Kopenhagen e a marca de produtos de beleza O Boticário. 

 

Souza brinca que hoje vende “até flores” em seu catálogo. Atualmente, seu principal desafio é a falta da cultura de flores como presente no Brasil. O mercado de flores faturou R$ 4,5 bilhões em 2012, um crescimento de 15% em comparação com 2011, de acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor). O comércio eletrônico foi responsável por R$ 100 milhões. “Flor é um produto diferenciado que deixa todo mundo feliz ao receber”, afirma Souza, dono de um negócio que fatura estimados R$ 30 milhões por ano. 

 

Pensando nesse “todo mundo”, ele abriu em 2005 uma marca só para atender a classe C, a Nova Flor. Agora, o foco é no aumento do volume de vendas. Pela primeira vez, ele vai investir em publicidade em canais de tevê aberta e em telemarketing ativo. “Os clientes serão lembrados das datas comemorativas”, diz Souza. Investidores também querem dar uma “mãozinha” no negócio. Sem revelar nomes, ele diz estar negociando com dois grandes fundos que estariam dispostos a injetar dinheiro na Giuliana Flores. “Tudo tem de ser feito com cuidado, quero analisar o que eles vão agregar ao negócio”, diz. “Se for só para pegar dinheiro, vou ao banco.”

 

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