07/03/2023 - 9:14
O Congresso da Flórida, de maioria republicana, inicia nesta terça-feira (7) uma nova legislatura durante a qual debaterá vários projetos de lei que integram as guerras culturais do governador Ron DeSantis, que muitos conservadores americanos esperam ver como candidato à Casa Branca em 2024.
A estrela em ascensão do Partido Republicano promoveu nas últimas semanas propostas legislativas com as quais espera ampliar sua guerra contra políticos democratas, empresas e professores que acusa de desejarem impor sua ideologia progressista “woke” aos demais.
Durante a sessão legislativa de 60 dias, os parlamentares examinarão, entre outros temas, uma lei para proibir os programas sobre diversidade e igualdade nas universidades públicas e outra para facilitar que figuras públicas possam denunciar os meios de comunicação por difamação.
Também devem abordar um projeto para prorrogar uma polêmica lei de educação aprovada no ano passado: o texto que proibiu o ensino de temas relacionados com a orientação sexual e a identidade de gênero no ensino básico e fundamental.
Se aprovada, a iniciativa será aplicada até os alunos da oitava série (12 a 13 anos) em vez da terceira série (oito e nove anos). O novo texto também proíbe atribuir a um aluno “um pronome que não corresponda ao seu sexo” por considerar que “o sexo de uma pessoa é um traço biológico imutável”.
– Apoio inabalável –
Como aconteceu em 2022, a expectativa é de que todas as propostas serão transformadas em lei. DeSantis tem o apoio inabalável do Congresso estadual, o que lhe permitiu transformar a Flórida em um laboratório para políticas conservadoras e uma grande plataforma para sua promoção política.
O governador de 44 anos tem uma grande influência no partido e seu poder foi reforçado após sua contundente reeleição em novembro, quando superou o democrata Charlie Crist com quase 60% dos votos.
“Os projetos de lei que (DeSantis) nos pede para aprovar no Legislativo são coisas sobre as quais falamos há anos, sem ter a coragem de fazer. Ele tem”, declarou no mês passado a presidente do Senado, Kathleen Passidomo.
“Vamos levar a agenda dele até a linha de chegada”, acrescentou.
As iniciativas de DeSantis sobre educação, ao lado de outras propostas como um projeto para permitir que os moradores da Flórida carreguem armas escondidas sem permissão ou treinamento, sem dúvida receberão os aplausos dos eleitores mais conservadores.
Também garantirão que prossiga com a ampla cobertura da imprensa que recebeu desde a pandemia de covid-19, quando sua oposição às políticas de saúde do presidente Joe Biden o transformaram em um dos republicanos mais populares.
Uma ajuda bem-vinda para ele no momento em que poucos duvidam de sua intenção de disputar a candidatura republicana à Casa Branca no próximo ano, com o ex-presidente Donald Trump como principal adversário.
DeSantis, que resiste a anunciar oficialmente a entrada na disputa presidencial, começou a viajar pelos Estados Unidos para apresentar seu segundo livro de memórias, lançado em 28 de fevereiro: “The Courage to Be Free: Florida’s Blueprint for America’s Revival” (A Coragem de Ser Livre: O Projeto da Flórida para o Renascimento dos Estados Unidos).
No domingo, durante um evento na Califórnia, ele defendeu as políticas aplicadas no que gosta de chamar de “estado livre da Flórida” diante das imposições que atribui aos democratas.
“Nós testemunhamos um grande êxodo americano de estados governados por políticos de esquerda, que impõem ideologias de esquerda e apresentam resultados ruins”, afirmou DeSantis na Biblioteca Presidencial Ronald Reagan em Simi Valley, a 70 km de Los Angeles.
Os últimos dados do censo americano mostram que centenas de milhares de habitantes abandonaram estados de maioria democrata, como Califórnia e Nova York.
“E vocês podem ver ganhos maciços em estados como a Flórida, que estão governando de acordo com os princípios testados e verdadeiros que o presidente Reagan (1981-1989) prezava”, acrescentou o republicano.