Cidades devastadas, milhões de pessoas sem energia elétrica, mas sobretudo um custo humano que pode ser “substancial”: a Flórida começava a contabilizar nesta quinta-feira (29) os danos causados pelo furacão Ian.

A tempestade, uma das mais potentes a atingir os Estados Unidos, se dirigia para a Carolina do Sul depois de varrer o estado costeiro do sul, onde muitos moradores aguardavam para ser resgatados em suas casas inundadas.

+Datafolha: Lula mantém 14 pontos de vantagem sobre Bolsonaro

“Este poderia ser o furacão mais letal da história da Flórida”, disse o presidente americano, Joe Biden, durante uma visita ao escritório da agência federal que combate desastres naturais, FEMA, em Washington.

“Os números (…) ainda não são claros, mas recebemos informações que dão conta de uma perda substancial de vidas”, acrescentou, assegurando que pretende ir o quanto antes ao estado, mas também para a ilha de Porto Rico, afetada recentemente pelo furacão Fiona.

Enquanto se multiplicavam as imagens de ruas transformadas em canais de águas turvas e casas destruídas, o balanço mais recente registrava ao menos oito mortos na Flórida.

Um funcionário do condado de Charlotte, no oeste do estado, confirmou à CNN a morte de seis pessoas, sem dar maiores detalhes.

Um porta-voz do condado de Volusia, na costa leste, anunciou ter registrado “a primeira morte vinculada ao furacão Ian”: um homem de 72 anos, “que saiu para esvaziar a piscina durante a tempestade”.

Um funcionário do condado de Osceola, no centro-leste do estado, informou à CNN sobre a morte do morador de um retiro.

Paralelamente, prosseguiam as buscas por 20 pessoas desaparecidas na quarta-feira depois que uma embarcação de migrantes naufragou perto do arquipélago dos Keys. Quatro cubanos nadaram até a margem dos Keys da Flórida e a guarda costeira resgatou outros três.

– Destruição “histórica” –

“Nunca tínhamos visto inundações como estas”, assegurou DeSantis.

“Algumas áreas como Cape Coral, a cidade de Fort Myers, foram inundadas e ficaram totalmente devastadas por esta tempestade”, prosseguiu o governador, que qualificou a destruição como “histórica”.

Ian também ameaçou a cidade de Orlando e os parques temáticos da Disney vizinhos, que foram fechados.

 

Degradado a tempestade tropical, Ian tocou o solo na tarde de quarta-feira ainda como furacão de categoria 4 (em uma escala que vai até 5) no sudoeste da Flórida, antes de continuar seu avanço pelo estado, com fortes ventos e chuvas torrenciais.

No porto de Fort Myers, algumas embarcações ficaram parcialmente submersas, e outra encalhou na margem.

Na manhã desta quinta, mais de 2,6 milhões de residências e comércios permaneciam sem luz, de um total de 11 milhões, segundo o site especializado PowerOutage.

– “Longo e intenso” –

Punta Gorda, um pequeno povoado costeiro localizado na trajetória do furacão, amanheceu sem energia elétrica. Enquanto os bombeiros e a polícia percorriam as ruas para avaliar os danos, uma escavadeira retirava folhas de palmeiras caídas.

Ian arrancou algumas árvores, assim como postes de energia e sinais de trânsito. As chuvas intensas inundaram as ruas do pequeno porto, onde a água ainda chegava ao meio das pernas na manhã desta quinta.

Joe Ketcham, morador da cidade, decidiu ficar em casa na quarta-feira, apesar das ordens de evacuação.

“Agora estou mais tranquilo, mas ontem estava preocupado”, disse o homem de 70 anos. “Era incessante. O vento soprava constantemente sobre nossas cabeças. Podíamos ouvir o metal batendo contra o edifício. Estava escuro. Não sabíamos o que estava acontecendo do lado de fora”, relatou.

Lisamarie Pierro, que também mora em Punta Gorda, disse se sentir aliviada por ver sua casa “ainda de pé”.

“Foi longo e intenso. E depois parou. E recomeçou outra vez”, explicou.

– Rumo à Carolina do Sul –

 

Diante da magnitude dos danos, Biden declarou estado de desastre natural maior, uma decisão que permite liberar fundos federais adicionais para as regiões afetadas.

Embora debilitada, a tempestade Ian continuou nesta quinta seu curso destrutivo rumo à Carolina do Sul.

O Centro Nacional de Furacões (NHC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos informou que o fenômeno provocou ventos de até 100 km/h e inundações “catastróficas” no centro-leste da Flórida.

Os meteorologistas esperam que Ian ganhe força, voltando à categoria de furacão quando tocar o solo na Carolina do Sul, na sexta-feira, antes de se enfraquecer novamente.

Segundo especialistas, à medida que a superfície dos oceanos se aquece, aumenta a frequência dos furacões mais intensos, com ventos mais fortes e mais chuvas, mas não o número total de furacões.