Os países da América Latina e Caribe enfrentam um “risco importante” de mal-estar social pelo impacto da pandemia em suas já estagnadas economias e devem garantir um crescimento que considere as desigualdades, alertaram os especialistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta segunda-feira (31).

“Com um calendário eleitoral intenso que se aproxima, o mal-estar social continua sendo um risco importante e será necessário abordar a desigualdade”, alertaram economistas do FMI.

Brasil, Costa Rica e Colômbia terão eleições gerais este ano.

Também afirmaram que a busca de políticas para reativar a expansão econômica com ênfase na inclusão social deverá ser acompanhada pelo combate à inflação, destacando que 2021 foi marcado pelo forte aumento dos preços na região.

Em uma publicação no site do FMI, indicaram que a pandemia de covid-19 declarada em 2020 afetou América Latina e Caribe “depois de um ano de mal-estar social generalizado, acumulado durante os anos de estagnação econômica que vieram após o fim do boom das matérias-primas”, registrado durante uma década até 2013.

O relatório, assinado por Ilan Goldfajn, que assumiu este mês como diretor do Departamento das Américas do FMI, analisa a desacelaração do crescimento da região prevista na semana passada pelo Fundo, a 2,4% em 2022 (-0,6 pontos percentuais em relação ao previsto em outubro do ano passado).

Goldfajn, o vice-diretor do Departamento das Américas, Jorge Roldós, e a vice-chefe de estudos regionais Anna Ivanova, apontaram que a forte recuperação da América Latina e Caribe em 2021, de 6,8% após a dramática contração de 7% em 2020, está perdendo força e é preciso fazer reformas.

“Os países da região devem enfrentar simultaneamente três grandes desafios: garantir a sustentabilidade das finanças públicas; aumentar o crescimento potencial; e fazer isso de uma forma que promova a coesão social e aborde as desigualdades sociais”, disseram.

Atender esses desafios, que se arrastam inclusive desde antes da emergência sanitária, representa também o desafio de baixar a inflação.

Em 2021, os preços aumentaram 8,3% em algumas das grandes economias regionais (Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru), “o maior salto em 15 anos e mais alto que em outros mercados emergentes”, destacaram os especialistas.

Afirmaram que os principais bancos centrais reagiram “rápida e decisivamente” ao forte aumento dos preços ao consumidor, endurecendo a política monetária.

Mas diante das expectativas de inflação a curto prazo elevadas, será preciso uma vigilância constante e eventuais aumentos adicionais das taxas de juros, tudo isso “acompanhado de uma comunicação clara e transparente”, afirmaram.