NOVA YORK (Reuters) – O aumento da pobreza e da insegurança alimentar traça um quadro sombrio para a América Latina e o Caribe em 2023, e a confiança no governo permanecerá baixa enquanto a corrupção permanecer alta e os ricos não pagarem sua parcela justa em impostos, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quarta-feira.

A desaceleração do crescimento econômico da América Latina e a inflação alta podem desencadear ainda mais a agitação social já fervilhante, já que “muitas pessoas na região verão seus padrões de vida declinar este ano”, escreveram autoridades do FMI em um blog.

“Encontrar um terreno comum para buscar reformas econômicas sensatas em um ambiente de importantes tensões sociais será uma batalha difícil”, escreveram eles.

O foco do FMI neste contexto é o que o setor público pode fazer para que os cidadãos comuns sintam que seu governo está trabalhando para elevar seus padrões de vida, ao mesmo tempo em que combate a corrupção, disse Nigel Chalk, vice-diretor do departamento do FMI para o Hemisfério Ocidental e um dos autores do blog, à Reuters.

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“Defendemos muito uma reforma tributária progressiva na região”, disse Chalk. “Acho muito importante que os ricos paguem o que deveriam pagar pelos impostos, e as corporações ricas também.”

Ele disse que isso não significa necessariamente impostos mais altos, mas melhores maneiras de reduzir a evasão fiscal e as brechas.

O FMI disse na segunda-feira que a taxa de crescimento econômico da América Latina e do Caribe deve desacelerar ainda mais para 1,8% este ano, depois de cair para 3,9% em 2022, de 7% em 2021, de acordo com o mais recente Panorama Econômico Mundial. O crescimento deve acelerar novamente em 2024, embora ainda lento em 2,1%.

Taxas de juros mais altas e preços de commodities em queda prejudicaram o crescimento econômico na região no ano passado e podem ser acompanhados em 2023 por uma desaceleração nos Estados Unidos e na zona do euro, principais parceiros comerciais, disse o FMI.

(Reportagem de Rodrigo Campos)

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