O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua projeção para o crescimento do Brasil em 2025 a 2,3%, prevendo que a inflação convergirá à meta até o fim de 2027, de acordo com nota divulgada nesta terça-feira.

As projeções foram feitas após discussões com autoridades brasileiras e outros atores durante visita de missão técnica do FMI ao Brasil de 20 de maio a 2 de junho para a chamada “Consulta do Artigo IV”, avaliação periódica da economia dos países feita pelo Fundo.

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Em abril, em seu relatório Perspectiva Econômica Global, o FMI havia estimado a expansão do Produto Interno Bruto brasileiro em 2,0% tanto para 2025 quanto para 2026. O FMI ressalta que as visões divulgadas agora são da equipe técnica do órgão, e não necessariamente representam as visões do seu Conselho Executivo.

A revisão veio após o IBGE informar na semana passada que o PIB do país expandiu 1,4% no primeiro trimestre na comparação com os três meses imediatamente anteriores, mostrando forte aceleração em relação ao ritmo do final do ano passado sustentada pelo desempenho da agropecuária.

“A equipe (do FMI) projeta uma moderação no crescimento de 3,4% em 2024 para 2,3% em 2025, em meio a condições monetárias e financeiras apertadas, redução do suporte fiscal e elevada incerteza global”, apontou o FMI em nota.

O Fundo citou ainda que a inflação deve alcançar 5,2% até o fim de 2025, antes de gradualmente convergir para a meta de 3% até o fim de 2027. A meta contínua do governo para a inflação é de 3% medida pelo IPCA, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

No médio prazo, o FMI calcula que o crescimento deve chegar a 2,5%, sustentado pela normalização da política monetária e fatores estruturais de suporte, “destacademente a implementação da reforma do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) … e aceleração da produção de hidrocarbonetos”.

“Reformas estruturais adicionais e a implementação do Plano de Transformação Ecológica darão mais impulso às perspectivas de crescimento de médio prazo”, completou.

O FMI citou ainda que os riscos às perspectivas de crescimento têm viés negativo em meio à elevada incerteza global, mas destacou que um sistema financeiro sólido, amplas reservas internacionais do governo e uma taxa de câmbio flexível contribuem para a resiliência do Brasil.

Para o Fundo, o aperto monetário iniciado em setembro de 2024 pelo Banco Central foi apropriado e consistente para reduzir a inflação e as expectativas de inflação para a meta.

O Banco Central volta a se reunir neste mês depois de elevar a taxa básica Selic para 14,75%, maior patamar em quase 20 anos, deixando em aberto o que fará agora e indicando a necessidade de uma dose alta de juros por período prolongado.

“No contexto de elevada incerteza global e expectativas de inflação acima de níveis consistentes com a meta, manter a flexibilidade sobre o ritmo e extensão do ciclo de alta é prudente”, disse o FMI.

Em relação à política fiscal, o FMI sugeriu que, para colocar a dívida pública em trajetória firme de queda, abrir espaço par investimentos e facilitar a redução dos juros, é necessário um esforço fiscal mais sustentado e ambicioso, com um arcabouço fiscal melhorado, mobilização de receita e medidas de gastos.