O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou mais uma vez a projeção para o desempenho da atividade econômica do Brasil neste ano, na esteira de uma recuperação acima do previsto, com suporte dos preços da commodities. Por outro lado, reforçou o coro de bancos estrangeiros e consultorias e piorou novamente sua estimativa para o próximo ano. O organismo espera que o País cresça 2,8% em 2022, conforme o relatório Perspectiva Econômica Mundial (WEO, na sigla em inglês), publicado nesta terça-feira, 11, em paralelo às reuniões anuais do FMI, que acontecem em Washington DC. A estimativa anterior era de avanço de 1,7%.

Apesar disso, o Brasil ainda crescerá abaixo da média global e também àquela esperada para mercados emergentes e economias em desenvolvimento, na visão do Fundo. Contudo, a melhora nas projeções do FMI este ano segue uma visão de que as economias da América Latina, dentre elas o Brasil, têm apresentado recuperação acima do esperado neste ano.

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Para o próximo ano, porém, as projeções do organismo continuaram indo ladeira abaixo, em meio ao cenário global desafiador, com o processo de aperto monetário agressivo para controlar a escalada da inflação nas principais economias.

Passadas as eleições gerais, o Fundo prevê que o PIB brasileiro cresça 1% em 2023, abaixo da projeção anterior, divulgada em julho e que apontava para alta de 1,1%.

O FMI reafirma, em relatório, que vê o Brasil “mais sensível” a choques inflacionários em geral e alerta ainda para maiores riscos de desancoragem das expectativas de inflação. “A maior sensibilidade poderia implicar uma reação mais forte do Banco Central (BC) para ancorar as expectativas”, reforça o FMI, no documento.

No entanto, o Fundo considera as premissas de política monetária adotadas no Brasil, que iniciou bem antes o processo de elevação de juros, como “consistentes” com a convergência da inflação para o centro da meta até o fim de 2024. O Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu como alvo inflação de 3,50% neste ano, de 3,25% em 2023 e de 3,00% em 2024, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo.

O FMI alerta ainda para desafios gerados pelo dólar forte a economias emergentes, com o aperto das condições financeiras e o aumento do custo dos produtos importados. “O dólar está agora em seu nível mais alto desde o início dos anos 2000”, destaca, sem citar países específicos, e sugerindo a calibração da política monetária e manutenção das reservas cambiais para caso o cenário piore ainda mais.