O sonho de todo investidor é fazer seu dinheiro crescer como uma bola de neve. Porém, transformar esse sonho em realidade não é tão fácil assim. É aí que entram os gestores de recursos, profissionais especializados em tomar decisões para multiplicar a fortuna do cliente. ?Gerir recursos sozinho é trabalhoso e ineficiente?, diz Ernesto Leme, sócio da gestora paulista Claritas Investimentos. ?O cliente perde tempo com burocracia e não obtém o melhor resultado.? Para evitar esses contratempos, milhões de brasileiros aplicam em fundos. Quando os recursos são vultosos, eles podem se dar ao luxo de contratar um gestor pessoal, responsável pelo sonho de muitos endinheirados: um fundo exclusivo.

 

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Ernesto Leme, da Claritas Investimentos: o número de fundos exclusivos

aumentou 55% em 12 meses e deve crescer mais 30% em 2014

 

Somente na Claritas, que é controlada pela gestora americana Principal, o número de fundos exclusivos aumentou 55% entre 2012 e 2013. ?Esse número aumentará 30% em 2014?, diz Leme. A gestora administra fundos exclusivos de 60 famílias e gerencia um total de R$ 3,8 bilhões divididos em 85 carteiras diferentes. Esse tipo de investimento tende a equilibrar eficiência tributária, transparência e a elaboração de uma estratégia personalizada. Contudo, ter um gestor para chamar de seu é algo que só vale a pena se a bolada investida ultrapassar os R$ 10 milhões. Os custos são altos. Um gestor vai cobrar uma taxa de administração, em média, de 1% do patrimônio ao ano e pode exigir uma taxa de performance ? nome técnico de uma remuneração calculada em função dos resultados do fundo. 

 

O investidor tem de pagar também pelo serviço de registrar e guardar os títulos de renda fixa e as ações em que o fundo investe. Conhecido como custódia, esse serviço custa até 3,5 pontos-base (centésimos de ponto percentual) do capital administrado. Finalmente, é bom lembrar que cada fundo é uma pessoa jurídica com CNPJ próprio, autorizada a operar no mercado financeiro e obrigada, portanto, a seguir as regras rígidas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central (BC). É obrigatório, ainda, contratar uma auditoria para fiscalizar as contas, que pode cobrar até R$ 10 mil por ano pelo serviço. Também é preciso contratar um administrador ? não confundir com o gestor, que é quem toma as decisões de investimento. 

 

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Charles Ferraz, superintendente do private bank do Itaú: “O investidor

só paga imposto sobre o ganho de capital quando o fundo se encerra,

o que eleva a rentabilidade no longo prazo.”

 

O administrador vai cuidar da papelada, das despesas de cartório e da inscrição na CVM, realizando serviços que chegam a custar R$ 20 mil por mês. Com tantos custos, quais as vantagens? A primeira é que esses fundos permitem domar o Leão. Os fundos exclusivos podem ser abertos ou fechados. No caso dos abertos, exclusivos ou não, haverá incidência de imposto duas vezes ao ano, em maio e em novembro, o chamado ?come-cotas?. Isso não existe nos fundos fechados, que não permitem aplicações nem resgates, o que reduz o imposto a pagar. ?O investidor pagará apenas o imposto sobre o ganho de capital quando o fundo se extinguir, o que eleva a rentabilidade ao longo do tempo?, diz Charles Ferraz, superintendente do private bank do Itaú, que opera 600 fundos exclusivos.

 

Os fundos exclusivos também facilitam a sucessão. ?O cliente pode estruturar um fundo do tipo VGBL para preparar a transmissão do patrimônio entre gerações?, diz Otávio Vieira, sócio da gestora carioca Fides Asset Management. Segundo o gestor, essa flexibilidade tributária ? perfeitamente legal ? permite reduzir o imposto a pagar na hora de vender imóveis e empresas. ?Muitos empresários montam um fundo fechado e definem, em estatuto, que ele pode aplicar em fundos de participação?, diz Vieira. ?Esses fundos podem possuir imóveis e participações acionárias de empresas e é possível diferir o imposto a pagar na hora da venda.? Na hora de definir a estratégia de investimentos, a preferência é pelos fundos multimercados, que podem comprar ativos brasileiros e internacionais.

 

Os fundos exclusivos também  são uma boa solução

para reduzir os impostos no caso de sucessão patrimonial 

 

?Nessa modalidade o gestor consegue trocar de posição com mais agilidade e reduzir perdas?, diz Caio Mercadante, consultor financeiro da empresa paulista LLA. A definição da estratégia de gestão é flexível. O cliente pode definir quais riscos está disposto a correr e quais prefere evitar, indicar alguns ativos ou simplesmente delegar essa tarefa para o gestor. ?Em fundos exclusivos maiores, é comum o cliente contratar, além do gestor, um comitê de investimentos independente para avaliar o trabalho?, diz Vieira, da Fides. A regra é diversificar os ativos, mas com critério. ?Nem sempre colocar dinheiro nos papéis mais arriscados garante aumento de rentabilidade?, diz Carlos Takahashi, presidente da BB DVTM, responsável pela gestão de 228 fundos exclusivos. 

 

?Se o cliente quer crédito privado, procuramos aquele que não ofereça tanto risco.? Outra estratégia, um pouco mais econômica, é comprar cotas de vários fundos, os chamados fundos de fundos. Nesse caso, existe a possibilidade de acessar produtos de diversas gestoras e dos bancos concorrentes. ?Isso ajuda a driblar o conturbado cenário econômico mundial?, diz Christiano Ehlers, do private do Santander. Uma das formas de diversificar o risco, segundo ele, é adotar estratégias compradas (que apostam na alta) e vendidas (que apostam na baixa). ?Temos clientes que ficam vendidos em ações e comprados em juros e papéis de renda fixa, por exemplo.?

 

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