20/01/2025 - 9:37
O mercado passou a esperar que a inflação acumulada em quatro trimestres até o segundo trimestre de 2026 – horizonte relevante da política monetária – supere o teto da meta de inflação, de 4,50%. A mediana do Sistema Expectativas de Mercado, que embasa o relatório Focus, passou a indicar um IPCA de 4,51% no período.
Os números foram calculados pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, com base nas medianas de IPCA trimestral do sistema. Na semana anterior, as estimativas já indicavam uma inflação de 4,45% no período. Economistas do mercado já haviam apontado que a alta das projeções para o horizonte relevante começava a desafiar a credibilidade do Banco Central, devido à percepção de que a autoridade monetária não estaria disposta a elevar os juros o bastante para promover a convergência.
A mudança nas projeções de IPCA ocorreu em meio à estabilidade nas estimativas de taxa Selic. O mercado continua esperando que os juros subam 1 ponto porcentual em cada uma das próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), da semana que vem e de março, conforme o forward guidance do BC. Depois, as medianas indicam que os juros devem subir a 15% em junho e permanecer nesse nível até o fim deste ano.
A partir de 2025, a meta de inflação passa a ser contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. Se a taxa de inflação ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância (1,5% a 4,5%) por seis meses consecutivos, o BC terá perdido a meta. Tudo mais constante, as projeções do mercado indicam que a trajetória de Selic embutida no Focus é insuficiente para fazer a inflação convergir abaixo do teto no horizonte relevante.