Na madrugada da quarta-feira 26, as empresas de telefonia Oi e Portugal Telecom (PT) concluíram um acordo que garante a entrada dos portugueses no capital da companhia brasileira. Com o aporte de R$ 8,32 bilhões, a PT passa a deter uma fatia, direta e indireta, de 22,38% da Oi. O negócio foi altamente lucrativo para todos os envolvidos.

 

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Zeinal Bava, da Portugal Telecom: ”Vamos acelerar nosso crescimento no Brasil”

 

Os fundos de pensão Petros, dos empregados da Petrobrás, e Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, que adquiriram 14,47% do capital da empresa, em junho de 2010, pagando R$ 2,25 por ação, venderam seus papéis por R$ 4,08, com valorização de 81%. A LaFonte, holding do empresário Carlos Jereissati, e a AG Telecom, da Andrade Gutierrez, que fazem parte do núcleo de controle da Oi, ganham ainda mais: R$ 8,54 por ação, totalizando R$ 1,6 bilhão. 

 

A Oi, que atua nas áreas de telefonia, banda larga e tevê por assinatura, deverá aumentar os investimentos com os recursos portugueses e a capitalização de R$ 12 bilhões. No ano passado, a operadora investiu R$ 3 bilhões. Agora, a estimativa é de que desembolse R$ 5 bilhões. Parte do dinheiro será usada para abater a dívida da Oi, que era de R$ 20 bilhões no terceiro trimestre de 2010. Segundo Rafael Andreata, analista da Planner Corretora, a Oi tinha dívidas equivalentes a quase duas vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

 

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Essa relação deve cair para 0,9. A entrada de um sócio estrangeiro e com larga  experiência no setor deve trazer melhorias à gestão da Oi. “A questão de governança sempre foi um fator de desconto”, diz Andreata. Já para a Portugal Telecom, a entrada no capital da Oi foi a solução encontrada para permanecer em atividade no Brasil, depois que vendeu sua participação na Vivo para a Telefônica. “Vamos acelerar nosso crescimento no País”, afirmou Zeinal Bava, presidenteexecutivo da companhia. 

 

Para os consumidores o negócio pode ser uma boa ou uma má notícia. A má notícia é se continuar inalterada a qualidade duvidosa dos serviços, que faz da Oi a líder em reclamações nos Procons em diversos Estados em que atua, como Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. A boa notícia virá caso o aporte de recursos da PT reverter em investimentos na melhora do atendimento prestado pela operadora.