14/01/2009 - 8:00

MEDIDA ERRADA: quase 90% dos fundos L&S renderam menos que o CDI em 2008
OS FUNDOS DE ARBITRAGEM, CONHEcidos como long and short, terão dois grandes desafios para superar em 2009: retomar a confiança do investidor e acertar na estratégia para aumentar a rentabilidade, que ficou em 4,1%, em média, em 2008. Com um patrimônio líquido total de R$ 2,7 bilhões dividido entre 87 fundos, eles deixaram os cotistas na mão: 88% deles renderam abaixo do CDI. É uma quantidade muito grande de fundos com desempenho abaixo do esperado para uma categoria que tinha como a maior bandeira a facilidade em montar operações com o mercado altamente volátil. A explicação para alcançar esses retornos estava na possibilidade de montar posições de renda fixa e variável ao mesmo tempo e na independência de um cenário de bolsa em alta. Bastou a primeira tempestade desabar para essa teoria ficar sob os escombros. Investidores despreparados para o risco realizaram prejuízos e migraram para a renda fixa.
Antes de entregar novamente sua carta de confiança, os investidores terão em mãos uma quantidade melhor de informações do que as que tinham até o final de 2007. A categoria ficou independente dos multimercados há apenas três anos. Agora, com a crise econômica mundial, os long and short apresentam seus comportamentos nos diferentes tipos de cenário, tanto os de alta como os de baixa. “O investidor tem agora o histórico do desempenho do gestor nas vacas gordas e na crise”, diz Marcelo Xandó, diretor da Verax Serviços Financeiros.

E, pelo visto, a sabedoria vem com a experiência. A Unibanco Asset Management (UAM) tem dois dos fundos mais antigos da categoria, o Unibanco Private Arbitragem RV FIC e o Unibanco Arbitragem RV FIC, com aplicação inicial de R$ 20 mil e R$ 1 mil, respectivamente, e taxa de administração de 2%. O retorno absoluto deles está entre os quatro melhores do ano. Com um detalhe importante: a volatilidade foi uma das mais baixas. “A falta de experiência fez muitos fundos caírem em armadilhas”, afirma Ronaldo Patah, diretor de renda variável da UAM. Entre as maiores emboscadas estava a aposta em papéis com baixa liquidez. A confiança na bonança do mercado e a despreocupação com os riscos fizeram alguns gestores colocarem em suas carteiras papéis que acabaram rejeitados quando o pânico se abateu sobre as bolsas mundiais. E o desempenho dos fundos foi afetado por conta disso.
Em 2009, os gestores tentarão recuperar o prumo perdido no ano passado, com o uso das mesmas ferramentas. Uma das características do long and short é a liberdade para montar estratégias com ações de um mesmo setor ou com papéis ordinários e preferenciais de uma mesma empresa. Sendo assim, há um leque de mais de 100 ações líquidas à disposição na BM&FBovespa. “Os long and short permitem ganhar na bolsa sem o risco direcional”, diz André Lion, gestor da BRZ Investimentos. Risco direcional é o de comprar ou vender apostando em determinada tendência de alta ou de baixa. Quem foi bem nos últimos 12 meses sabe o que fazer. O BRZ Long Short Advanced rendeu 16,83%, com uma volatilidade de 3,28%. No prumo.